Atletas russos e COI: quase dois anos de diplomacia olímpica

O Comitê Olímpico Internacional (COI) autorizou nesta sexta-feira (8) atletas russos e bielorrussos a participarem, sob bandeira neutra e sob condições estritas, dos Jogos Olímpicos de 2024, em Paris, depois de terem sido excluídos do esporte internacional após a invasão russa da Ucrânia.

A seguir, um retrospecto de dois anos de diplomacia olímpica.

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Logo após o início da guerra, o COI tomou uma decisão esportiva de grande alcance ao excluir russos e bielorrussos das competições em todo o mundo. Uma decisão justificada não apenas como sanção, mas para sua proteção.

Poucos dias depois, os Jogos Paralímpicos de Inverno de Pequim foram afetados pela guerra e o Comitê Paralímpico Internacional (IPC) deu uma reviravolta em 24 horas: após ter autorizado os russos sob bandeira neutra, os excluiu diante da pressão e das ameaças de boicote de outros países. Os bielorrussos também foram afastados.

No final de 2022, enquanto os processos de classificação para os Jogos Olímpicos de Paris começavam em algumas modalidades, o COI queria explorar "meios" de devolver russos e bielorrussos ao centro do esporte mundial. Os Estados Unidos deram sinal verde se participassem sob uma "bandeira neutra". A ideia é que "eles não apoiaram ativamente a guerra na Ucrânia".

No início de 2023, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, insistiu diante de seu homólogo francês, Emmanuel Macron: "Os atletas russos não devem ter lugar nos Jogos Olímpicos de Paris". Ele então acusou o COI de ser um "promotor de guerra". A Polônia e os países bálticos (Lituânia, Letônia, Estônia) mostraram a sua irritação e ameaçaram um boicote.

Na França, a prefeita socialista de Paris, cidade anfitriã dos Jogos Olímpicos, Anne Hidalgo, se opôs à participação enquanto durasse a guerra. Macron afirmou que se pronunciaria no verão de 2023.

Quase um ano após o início da guerra, a esgrima se tornou o primeiro esporte olímpico a reintegrar os russos, embora não sem consequências (cancelamentos de torneios, protestos...).

Em 28 de março de 2023, o COI se pronunciou de forma oficial: o retorno de russos e bielorrussos é permitido em competições internacionais sob bandeira neutra, desde que "não tenham apoiado ativamente a guerra na Ucrânia", para os atletas "a título individual", e que não estejam "sob contrato" com o exército ou agências de segurança de nenhum dos países.

"Condições inaceitáveis e discriminatórias", reagiu o Comitê Olímpico russo. "Um dia de vergonha" para o COI, disse Piotr Wawrzyk, vice-ministro polonês de Negócios Estrangeiros.

Mas para os Jogos de Paris teremos que esperar. O COI decidirá "no momento apropriado".

Aos poucos, as federações internacionais foram reintegrando os russos, por caminhos diferentes, com a notável exceção da Federação Internacional de Atletismo, um dos principais esportes olímpicos.

Contra todos os prognósticos, no início do Mundial de Esgrima, em julho, a Ucrânia autorizou seus atletas a enfrentarem os russos sob bandeira neutra e em caráter individual. A perspectiva de um boicote às Olimpíadas por parte da Ucrânia diminuiu. Durante esses campeonatos, uma atleta de esgrima ucraniana, Olga Jarlán, foi desclassificada por se recusar a apertar a mão de sua adversária russa, Anna Smirnova. Por isso, recebeu do COI um convite para os Jogos Olímpicos de Paris.

Já a Rússia indicou que não boicotará os Jogos de Paris.

No final de setembro, o Comitê Paralímpico Internacional (IPC) votou a favor da participação sob bandeira neutra e com condições estritas de neutralidade nos Jogos Paralímpicos de 2024 (28 de agosto a 8 de setembro).

O COI suspendeu o Comitê Olímpico Nacional russo no dia 12 de outubro "com efeito imediato" por ter colocado quatro organizações regionais ucranianas sob a sua autoridade. Mas, segundo o COI, esta decisão não tem consequências na eventual presença de atletas russos sob bandeira neutra nos Jogos Olímpicos de Paris.

Em 8 de dezembro, o COI autorizou atletas russos e bielorrussos a participarem sob bandeira neutra nos Jogos Olímpicos de 2024, excluindo eventos coletivos, e desde que não tenham apoiado ativamente a invasão russa da Ucrânia.

Dois dias antes, as federações internacionais e os comitês olímpicos nacionais haviam exigido a admissão "o mais rapidamente possível" dos atletas russos e bielorrussos aos Jogos de Paris, também sob bandeira neutra.

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