Israel intensifica bombardeio de Gaza e ONU adverte para 'avalanche de sofrimento'

Israel intensificou, nesta sexta-feira (27), os bombardeios sobre a Faixa de Gaza e anunciou uma ampliação iminente de suas operações terrestres, em uma guerra contra o Hamas que, segundo a ONU, expõe a população do pequeno território palestino a "uma avalanche de sofrimento".

O Exército israelense indicou que aumentou os bombardeios "de maneira muito significativa" e anunciou que "ampliará suas operações terrestres esta noite", após duas noites seguidas de incursões de tanques na Faixa.

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Os bombardeios, os mais intensos desde o começo da guerra, segundo o Hamas, se concentraram particularmente na Cidade de Gaza, ao norte da Faixa, segundo imagens da AFP.

O movimento islamista Hamas, no poder em Gaza, afirmou também que Israel "cortou as comunicações e a maior parte da internet", "para cometer massacres com bombardeios de represália por ar, terra e mar".

O Hamas, por sua vez, assinalou que havia lançado "uma salva de foguetes" contra o território israelense e urgiu a comunidade internacional a se mobilizar "para que cessem os crimes e os massacres" israelenses.

"Sem uma mudança fundamental da situação, a população de Gaza sofrerá uma avalanche de sofrimento humano sem precedentes", advertiu o secretário-geral da ONU, António Guterres.

A guerra começou em 7 de outubro com a incursão de combatentes do Hamas que, segundo Israel, mataram mais de 1.400 pessoas no sul do país, em sua maioria civis, e sequestraram mais de 220, que foram levadas como reféns a Gaza.

Em represália, Israel desencadeou uma campanha de bombardeios incessantes, que, segundo o Hamas, deixaram mais de 7.300 mortos, entre eles mais de 3.000 crianças.

O grupo islamista afirmou que "cerca de 50" reféns morreram em bombardeios israelenses.

Israel também impôs um cerco praticamente total a esse território de 362 km² e mais de 2,3 milhões de habitantes.

Nesta sexta-feira (27), um equipe da Cruz Vermelha entrou pela primeira vez na Faixa de Gaza desde o início da guerra. Seis médicos acompanhados de seis caminhões de ajuda, indicou o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).

Desde 21 de outubro, algo em torno de 70 caminhões entraram na Faixa vindos do Egito, indicou na quinta-feira o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).

Essa quantidade, no entanto, é considerada insuficiente pela organização, que reivindica especialmente combustível para fazer a infraestrutura de saúde funcionar.

Antes do "cerco total" imposto por Israel em 9 de outubro, cerca de 500 caminhões chegavam à Faixa diariamente.

"Muitos mais morreram em breve por consequência do cerco imposto à Faixa de Gaza" por Israel, afirmou Philippe Lazzarini, comissário-geral da agência de a ONU para os refugiados palestinos (UNRWA).

A Infantaria israelense lançou na madrugada de quinta para sexta uma "incursão seletiva no setor central da Faixa de Gaza", apoiada por "caças e drones", antes de abandonar o território, anunciaram as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês).

Nesta operação, acrescentaram as IDF, houve bombardeios contra alvos do Hamas "em toda a Faixa de Gaza" e foram destruídas rampas de lançamento de foguetes e centros de comando do Hamas.

O Exército de Israel acusou o movimento palestino de usar hospitais em Gaza como centros de operações para realizar ataques.

O Hamas respondeu imediatamente, afirmando que se tratavam de acusações "totalmente infundadas".

Os líderes dos 27 países da União Europeia (UE) pediram na quinta-feira a instalação de "corredores humanitários" e de "pausas" para a entrega de ajuda.

Nesta sexta, França e Espanha pediram uma "trégua humanitária" para proteger os civis.

Segundo o OCHA, citando o Ministério de Obras Públicas e Habitação de Gaza, 45% das casas do território foram "danificadas ou destruídas" pelos bombardeios.

Quase 1,4 milhão de pessoas foram deslocadas para o sul da Faixa, fugindo dos bombardeios israelenses, embora cerca de 30 mil tenham retornado para o norte do território nos últimos dias, segundo a ONU.

"Voltamos para morrer nas nossas casas. Será mais digno", disse Abdallah Ayyad, que retornou para a Cidade de Gaza com sua mulher e cinco filhas.

Em Israel, um novo lançamento de foguetes deixou três feridos em Tel Aviv, segundo os serviços de emergência.

A guerra despertou temores de uma conflagração regional. O Irã, um poderoso apoiador do Hamas, lançou várias advertências aos Estados Unidos, um aliado de Israel.

A tensão também está aumentando na Cisjordânia ocupada, assim como na fronteira norte de Israel com o Líbano, onde ocorrem diariamente trocas de disparos entre o movimento Hezbollah, aliado do Hamas, e o Exército israelense.

Mais de 100 palestinos morreram na Cisjordânia em ataques e confrontos com o Exército israelense desde 7 de outubro, segundo o Ministério da Saúde palestino.

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