ELN negocia ações humanitárias com governo, enquanto enfrenta dissidentes das Farc

O Exército de Libertação Nacional (ELN) definiu, nesta-segunda-feira (4), ações humanitárias com o governo colombiano em regiões afetadas pelo conflito armado, ao mesmo tempo em que os combates entre esta guerrilha e dissidentes das Farc se intensificam.

O ELN concluiu em Caracas o quarto ciclo de negociações de paz com o governo do presidente colombiano, Gustavo Petro, um mês depois do início de um cessar-fogo.

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"Alcançamos novos acordos que nos aproximam muito mais da paz desejada por todos e todas", disse o representante do Executivo, Otty Patiño, no encerramento dos diálogos na capital da Venezuela.

O líder guerrilheiro Pablo Beltrán fez, por sua vez, um "apelo ao persistir em um caminho de solução pacífica para o conflito".

O fim desta rodada de negociações coincidiu com o registro de nove mortos em confrontos entre o ELN e o Estado-Maior Central (EMC), principal dissidência do acordo de paz que desarmou a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), em 2017.

Militares encontraram os corpos no município de Puerto Rondón (leste), perto da fronteira com a Venezuela, juntamente com cinco feridos, entre eles uma indígena de 14 anos, segundo um vídeo do governador do departamento (estado) de Arauca, Wilington Rodríguez. Ele não especificou se os mortos ou feridos são guerrilheiros ou civis.

Tanto o ELN quanto os dissidentes buscam pactuar seu desarmamento em processos de paz com o presidente Petro, que completa um ano no poder.

O chamado acordo de Caracas "estabelece os princípios e as abordagens com as quais esperamos que a cessação [das hostilidades] cumpra seu propósito humanitário", segundo o texto lido no evento.

"Demos ênfase a algumas zonas críticas", disse o líder guerrilheiro Beltrán. "É onde mais tem havido embates contra as comunidades".

A mesa declarou o Baixo Calima e San Juan, no Vale do Cauca (leste), um dos focos do conflito, como "zonas críticas" e propõe outras regiões para acrescentar a esta denominação.

"Ali serão antecipadas ações e dinâmicas humanitárias, garantias para o cumprimento do cessar-fogo bilateral, nacional e temporário, a participação das comunidades no processo de paz e projetos de desenvolvimento social, que vão contar com o acompanhamento do Departamento Nacional de Planejamento", acrescentou o texto, ressaltando que as delegações vão visitar estes territórios "nas próximas semanas".

Petro retomou as negociações de paz com o ELN - que tinha 5.851 membros, segundo dados de inteligência de 2022 - em novembro do ano passado, depois de terem sido suspensas por seu antecessor, Iván Duque (2018-2022), após um atentado que deixou cerca de 20 policiais mortos em um centro de treinamento.

"Em menos destes nove meses conseguimos concordar com um cessar-fogo, cuja natureza deve nos levar ao fim do conflito armado na Colômbia, não simplesmente à humanização da barbárie", insistiu Patiño, ex-guerrilheiro da nacionalista e urbana M-19, a mesma organização rebelde à qual Petro pertenceu na juventude e que fez um acordo de paz em 1990.

A trégua com verificação da ONU foi acordada no ciclo anterior de diálogos, celebrado em Havana, e entrou em vigor em 3 de agosto.

"Temos que constatar que o cessar-fogo tem estado sob ataque", disse Beltrán. "Tem havido uma campanha midiática intensa da grande imprensa, das grandes empresas de comunicação, tentando colocar obstáculos a este processo".

"Também tem havido ataques impiedosos a comunidades que tentam desenvolver uma observação social deste cessar-fogo e de participar das diferentes atividades que o processo de paz busca integrar todos os setores", acrescentou.

No começo de agosto, a mesa de diálogo com o ELN foi ofuscada por uma denúncia da Procuradoria sobre um suposto plano da guerrilha de assassinar o chefe do Ministério Público, Francisco Barbosa. A guerrilha negou a acusação e disse que se tratou de uma sabotagem aos diálogos.

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Venezuela Colômbia conflito guerrilha paz Gustavo Petro Nicolás Maduro Iván Duque

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