Israel bombardeia Gaza após disparos de foguetes motivados por incursão na Cisjordânia

07:36 | Jan. 27, 2023

Por: AFP

Israel anunciou ataques aéreos nesta sexta-feira (27) contra a Faixa de Gaza em resposta aos disparos de foguetes a partir do território palestino, em um momento de tensão provocado por uma incursão israelense que deixou vários mortos na Cisjordânia ocupada.

O exército de Israel informou que efetuou ao menos duas séries de bombardeios aéreos contra áreas do Hamas, após vários lançamentos de foguetes em direção ao sul do país.

As explosões atingiram a cidade de Gaza, segundo correspondentes da AFP.

Nenhum lado reportou feridos. Muitos dos foguetes disparados a partir de Gaza foram interceptados pelo sistema de defesa aérea israelense.

Os lançamentos de foguetes não foram reivindicados, mas tanto o Hamas, que governa a Faixa de Gaza, como o grupo Jihad Islâmica prometeram represálias após a incursão de quinta-feira no campo de refugiados de Jenin, no norte da Cisjordânia, que deixou nove mortos.

Outro palestino faleceu ao ser atingido por tiros de tropas israelenses em um incidente separado perto de Ramallah, na Cisjordânia.

Entre os mortos estava uma idosa e 20 pessoas ficaram feridas durante a operação militar no campo de refugiados da cidade, informou o Ministério da Saúde palestino.

A Jihad Islâmica afirmou nesta sexta-feira em um comunicado que os projéteis disparados "levam uma mensagem: o inimigo (Israel) deve permanecer alerta, porque o sangue palestino derramado custa caro".

A Autoridade Palestina classificou a incursão pela Cisjordânia como um massacre e anunciou que não irá mais cooperar com Israel em matéria de segurança.

De acordo com a ONU, não eram registradas tantas mortes em apenas uma operação israelense na Cisjordânia desde o início dos registros das operações em 2005.

O Departamento de Estado americano anunciou que o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, viajará na próxima semana a Israel e Cisjordânia para "reduzir as tensões".

O governo dos Emirados Árabes Unidos, que normalizou as relações com Israel em 2020, condenou "o ataque das forças israelenses" e pediu uma reunião "urgente" do Conselho de Segurança da ONU.

Desde o início do ano, até 30 palestinos, civis ou membros de grupos armados, morreram em incidentes de violência envolvendo as forças de segurança e também cidadãos civis de Israel.

Um porta-voz militar israelense disse que o Exército realizou "uma operação antiterrorista" contra a organização armada Jihad Islâmica, envolvida em vários ataques contra Israel.

Antes de se retirar, as forças israelenses "jogaram deliberadamente granadas de gás lacrimogêneo" na ala pediátrica de um hospital de Jenin, "o que provocou a asfixia de algumas crianças", denunciou a ministra da Saúde palestina, Mai Al Kaila.

"Ninguém disparou gás lacrimogêneo deliberadamente contra um hospital [...], mas a operação ocorreu não muito longe de um hospital e é possível que o gás lacrimogêneo tenha entrado por uma janela aberta", disse um porta-voz do Exército israelense à AFP.

Uma das vítimas de quinta-feira se chamava Majeda Obeid, uma mulher de 61 anos, e sua filha contou à AFP como ela faleceu durante a operação militar israelense.

"Quando ela terminou de rezar, olhou pela janela por um momento e, então, foi atingida por uma bala no pescoço. Seu corpo tombou contra a parede e depois caiu sobre o chão", disse Kefiyat Obeid, de 26 anos.

O acampamento de Jenin, criado em 1953, é como uma cidade dentro da cidade e abriga cerca de 20 mil refugiados, segundo a UNRWA, agência da ONU encarregada dos refugiados palestinos

O Exército israelense, que ocupa a Cisjordânia desde 1967, realiza operações quase diárias nesse território palestino, principalmente no norte, nos setores de Jenin e Nablus, redutos de grupos armados palestinos.

"O Exército israelense destrói tudo e atira em tudo que se move", disse o vice-governador de Jenin, Kamal Abu Al Rub.

"O que está acontecendo em Jenin e em seu campo é um massacre perpetrado pelo governo de ocupação israelense", disse Nabil Abu Rudeina, porta-voz do presidente da Autoridade Palestina.

O secretário-geral da Liga Árabe denunciou um "massacre sangrento" perpetrado "sob as ordens diretas de [o primeiro-ministro israelense Benjamin] Netanyahu", que retornou ao comando do governo de Israel no fim do ano passado.

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