Aliados aumentam ajuda militar à Ucrânia mas não chegam a acordo sobre tanques alemães
Os países ocidentais aliados da Ucrânia anunciaram nesta sexta-feira um aumento da ajuda militar àquele país, invadido pela Rússia, após uma reunião na Alemanha na qual não chegaram a um acordo sobre o fornecimento de tanques alemães Leopard 2.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, lamentou que seus aliados não tenham aproveitado a oportunidade, embora não tenha se dado por vencido. "Sim, ainda temos que lutar para conseguir o envio de tanques modernos, mas conseguimos mostrar a cada dia que não há outra alternativa senão tomar uma decisão nesse sentido", declarou, em seu discurso diário.
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Os alemães "não tomaram uma decisão sobre os tanques Leopard", declarou o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, após o encontro entre os titulares de Defesa e funcionários do alto escalão militar de aproximadamente 50 países na base americana de Ramstein, na Alemanha.
Segundo especialistas, o Leopard 2, um tanque moderno de design alemão, pode ter grande impacto nos combates no leste da Ucrânia, onde a Rússia retomou a ofensiva após vários reveses.
Polônia e Finlândia indicaram que poderiam enviar os Leopard que têm à disposição, se Berlim autorizar. Mas não se sabe se a Alemanha finalmente dará o seu consentimento.
Antes de tomar uma decisão desse tipo, "temos a responsabilidade de pensar cuidadosamente sobre as consequências para todas as partes no conflito", declarou o ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius. "A impressão" de que a Alemanha se opõe à entrega de tanques à Ucrania é "falsa", acrescentou.
Segundo os analistas, a hesitação de Berlim deve-se, em grande parte, ao temor de desatar uma escalada bélica com a Rússia, que invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, dando início a um violento conflito que parece não ter fim.
Os Estados Unidos, por sua vez, se recusaram a culpar a Alemanha pelo fracasso das negociações. "Todos podemos fazer mais" pela Ucrânia, afirmou Lloyd Austin, que fez questão de classificar a Alemanha como um "aliado confiável".
Volodymyr Zelensky, não se deu por vencido e assegurou que os países ocidentais não terão "outra alternativa" além de enviar os tanques que reivindica.
O Ocidente teme que, apesar das garantias ucranianas, Kiev provoque uma escalada usando essas armas para atingir alvos dentro do território russo e as bases aéreas e navais da península de Crimeia, anexada por Moscou em 2014.
Antes da reunião de hoje, o Kremlin garantiu que a entrega de tanques pesados "criaria novos problemas para a Ucrânia".
O ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, destacou a chegada da nova ajuda militar, agradeceu a seu "amigo e colega" Austin e prometeu que "os Bradleys e Patriots mudarão o curso da guerra".
Lloyd Austin indicou que a Ucrânia poderia lançar uma contraofensiva na próxima primavera boreal (outono no Brasil) e que os aliados devem se preparar para oferecer apoio.
"Temos uma janela de oportunidade de hoje até a primavera [...]. Não é muito tempo e temos que unir nossas melhores capacidades", afirmou.
Mesmo assim, a guerra vai durar muito, alertou o chefe do Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos, Mark Milley.
"De um ponto de vista militar, sigo sustentando que, neste ano, será muito difícil expulsar por completo as forças russas de todas as regiões ocupadas da Ucrânia", frisou.
Estados Unidos, Reino Unido, Suécia e Dinamarca anunciaram novas ajudas militares para Kiev antes da reunião em Ramstein.
Washington desbloqueou um novo pacote avaliado em 2,5 bilhões de dólares, que inclui 59 veículos de combate de infantaria Bradley e grande quantidade de blindados para transporte de pessoal, segundo o Pentágono.
Entretanto, este novo apoio não inclui tanques pesados, como o Abrams, que Washington se recusa a entregar a Kiev alegando razões de manutenção e formação.
O Reino Unido enviará 600 mísseis adicionais de tipo Brimstone, a Dinamarca 19 canhões Caesar e a Suécia peças de artilharia de longo alcance Archer. A Finlândia se juntou nesta sexta a essa nova rodada de ajuda, com um pacote que incluirá artilharia pesada e munições.
A cidade ucraniana de Bakhmut, no leste e atual epicentro da guerra, voltou a ser bombardeada nesta sexta, segundo os correspondentes da AFP.
"Vejam! Vejam! Este é o meu apartamento! O único apartamento que tenho!", exclamava Olga Tomak, de 70 anos, enquanto observava, ao lado de seu marido Mykola, o fogo consumir o edifício onde moravam, atingido por um míssil.
As autoridades de ocupação russa também reportaram um "forte aumento da intensidade" dos combates no oblast (província) de Zaporizhzhia, no sul, com enfrentamentos "em toda a linha de frente".
A ONU, por sua vez, anunciou a chegada de um primeiro comboio humanitário perto de Soledar, cidade do leste da Ucrânia cuja conquista foi reivindicada na semana passada pelo Exército russo e pelo grupo paramilitar Wagner. Kiev, em contrapartida, nega que Soledar tenha caído.
Nesta sexta, os Estados Unidos designaram o Grupo Wagner como "organização criminosa transnacional", aumentando a pressão sobre essa milícia privada, acusada de cometer atrocidades e abusos.
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