Lula aprofunda expurgo de pessoal militar após atos violentos em Brasília
O governo dispensou treze militares que integravam o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), aprofundando a reforma ordenada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Executivo, após os atos violentos de 8 de janeiro contra as sedes dos Três Poderes, em Brasília.
O anúncio foi publicado no Diário Oficial da União desta quarta-feira (18), um dia depois de 40 militares também terem sido afastados das funções que exerciam no Palácio do Alvorada, a residência presidencial.
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Os militares afastados nesta quarta integravam o GSI, responsável por assistir o presidente em assuntos de segurança nacional e política de Defesa.
As mudanças ocorrem uma semana depois de o presidente, de 77 anos, manifestar sua desconfiança com alguns militares que cumprem funções auxiliares nos Três Poderes.
Lula compartilhou suas reservas sobre alguns deles após o ataque às sedes dos Poderes, em Brasília, por milhares de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem derrotou nas eleições de outubro.
O presidente disse, então, estar convencido de que houve cumplicidade interna nos atos de 8 de janeiro, ocorridos exatamente no dia em que completava uma semana de seu retorno à Presidência.
A reforma no círculo mais próximo de Lula ocorre enquanto avançam as investigações para determinar quem participou, organizou e financiou a violenta invasão do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Mais de 2.000 pessoas foram detidas desde então, das quais 1.382 continuam nas mãos das autoridades.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou na segunda-feira, ao Supremo Tribunal Federal, as primeiras acusações contra 39 pessoas suspeitas de participação nas ações violentas.
O procurador-geral da República, Augusto Aras, prometeu em entrevista à TV que vai apresentar outras 200 novas acusações nas próximas duas semanas.
Nesta quarta, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública de Bolsonaro e secretário de Segurança do Distrito Federal no momento do ataque, Anderson Torres, permaneceu em silêncio em sua primeira audiência na Polícia Federal desde que se entregou às autoridades no sábado, reportou o portal de notícias G1.
Torres, exonerado do cargo no DF após os ataques, está detido sob suspeita de cumplicidade com a violência, o que ele nega.
Em 8 de janeiro, milhares de apoiadores de Bolsonaro invadiram a capital federal na tentativa de derrubar Lula.
Apoiado em uníssono pela comunidade internacional, o presidente denunciou na quinta-feira passada a conivência de setores das Forças Armadas com bolsonaristas radicais e disse, inclusive, que "alguém facilitou" a entrada deles no Palácio do Planalto.
Desde então, Lula, que voltou ao poder após anos ofuscado por um escândalo de corrupção, iniciou uma faxina do pessoal do Executivo, em cujos cargos privilegiará de agora em diante "funcionários de carreira, de preferência civis".
"Não pode ficar ninguém que seja suspeito de ser bolsonarista raiz aqui dentro", comentou. "Como eu poderia ter alguém na porta do meu escritório que poderia atirar em mim?", questionou.
Bolsonaro, que viajou aos Estados Unidos antes do fim do seu mandato, nega qualquer vínculo com os atos violentos em Brasília, mas é investigado no Brasil por suspeita de ter incitado o ataque.
"Lamento o que aconteceu no dia 8", disse a alguns simpatizantes em Orlando, nos Estados Unidos, em vídeo divulgado na segunda-feira. "Uma coisa inacreditável", acrescentou.
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