Lula aprofunda expurgo de militares no governo e volta a apontar para Bolsonaro
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aprofundou, nesta quarta-feira (18), o expurgo de militares que trabalhavam no Executivo, ao mesmo tempo em que voltou a apontar para o antecessor, Jair Bolsonaro, pela suposta responsabilidade nos atos violentos de 8 de janeiro, em Brasília.
O governo dispensou treze militares, um dia depois de outros 40 militares terem sido afastados de suas funções no Palácio da Alvorada, a residência presidencial.
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Os militares afastados nesta quarta integravam o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), responsável por assistir o presidente em assuntos de segurança nacional e política de Defesa, segundo anúncio publicado no Diário Oficial da União.
As mudanças ocorrem uma semana depois de o presidente, de 77 anos, manifestar sua desconfiança com alguns militares que cumprem funções auxiliares em instituições do governo.
Lula compartilhou suas reservas sobre alguns deles após o ataque às sedes dos Três Poderes, em Brasília, por milhares de apoiadores do ex-presidente Bolsonaro, a quem derrotou nas eleições de outubro.
O presidente disse, então, estar convencido de que houve cumplicidade interna nos atos de 8 de janeiro, ocorridos exatamente no dia em que completava uma semana de seu retorno à Presidência para um terceiro mandato.
Nesta quarta, Lula voltou a apontar para Bolsonaro pela responsabilidade nos atos violentos.
"Não sei se o ex-presidente mandou, o que eu sei é que ele tem culpa, porque ele passou quatro anos instigando o povo a ter ódio", disse o presidente em uma cerimônia com sindicalistas no Palácio do Planalto.
No dia do ataque, Lula assegurou que Bolsonaro, a quem não mencionou diretamente, provocou e estimulou os atos por meio de discursos enquanto esteve no governo.
O ex-presidente, que viajou aos Estados Unidos antes do fim do seu mandato, nega qualquer vínculo com os atos violentos em Brasília, mas é investigado por suspeita de ter incitado o ataque.
"Lamento o que aconteceu no dia 8", disse Bolsonaro a alguns simpatizantes em Orlando, nos Estados Unidos, em vídeo divulgado na segunda-feira. "Uma coisa inacreditável", acrescentou.
A reforma no círculo mais próximo de Lula ocorre enquanto avançam as investigações para determinar quem participou, organizou e financiou a violenta invasão do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Mais de 2.000 pessoas foram detidas desde então, das quais 1.382 continuam nas mãos das autoridades.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou na segunda-feira ao STF as primeiras acusações contra 39 pessoas suspeitas de participação nas ações violentas.
O procurador-geral da República, Augusto Aras, prometeu em entrevista à TV que vai apresentar outras 200 novas acusações nas próximas duas semanas.
Nesta quarta, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública de Bolsonaro e secretário de Segurança do Distrito Federal no momento do ataque, Anderson Torres, permaneceu em silêncio em sua primeira audiência na Polícia Federal desde que se entregou às autoridades no sábado, reportou o portal de notícias G1.
Torres, exonerado do cargo no DF após os ataques, está detido sob suspeita de cumplicidade com os atos violentos, o que ele nega.
Em 8 de janeiro, milhares de apoiadores de Bolsonaro invadiram a capital federal na tentativa de derrubar Lula.
Apoiado em uníssono pela comunidade internacional, o presidente denunciou na quinta-feira passada a conivência de setores das Forças Armadas com bolsonaristas radicais e disse, inclusive, que "alguém facilitou" a entrada deles no Palácio do Planalto.
Desde então, Lula, que voltou ao poder após anos ofuscado por um escândalo de corrupção, iniciou uma faxina do pessoal do Executivo, em cujos cargos privilegiará de agora em diante "funcionários de carreira, de preferência civis".
"Não pode ficar ninguém que seja suspeito de ser bolsonarista raiz aqui dentro", comentou. "Como eu poderia ter alguém na porta do meu escritório que poderia atirar em mim?", questionou.
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