Começa a COP15, a 'última oportunidade' para salvar a natureza
A conferência das Nações Unidas sobre biodiversidade começou nesta quarta-feira (7), em Montreal, em busca de um acordo considerado como a "última oportunidade" para salvar as espécies e os ecossistemas.
Delegados de mais de 190 países se reunirão até 19 de dezembro para adotar um novo roteiro para a próxima década que proteja as florestas, os oceanos e as espécies do planeta.
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"Esta reunião é nossa oportunidade de passar da desarmonia para a harmonia: deter esta orgia de destruição e concluir um acordo de paz com a natureza", disse Huang Runqiu, ministro de Ecologia e Meio Ambiente da China, país que preside as conversas.
A diretora do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) instou os negociadores a estabelecerem um marco sólido para a natureza. "Estamos negociando há muito tempo. Todo o mundo fala de compromisso, mas não avançamos rápido o bastante", disse a dinamarquesa Inger Andersen na abertura da COP15.
A natureza e a biodiversidade "estão sofrendo" e "a humanidade está pagando o preço por trair nosso melhor amigo", disse ela em referência ao planeta.
A abertura oficial da COP15 acontece depois de vários dias de negociações em que houve poucos avanços em questões-chave, o que gera temores de que as partes não consigam chegar a um bom acordo.
Os observadores pediram aos negociadores que desbloqueiem de forma urgente os pontos de conflito em temas difíceis como o financiamento e a implementação, com apenas cinco dos mais de 20 objetivos acordados até o momento.
A cúpula "é provavelmente a última oportunidade para que os governos modifiquem as coisas em favor da natureza e resgatem nosso precioso sistema de suporte vital", disse nesta terça-feira os jornalistas Bernadette Fischler Hooper, diretora de Defesa Internacional da WWF.
Os objetivos preliminares para o marco de 10 anos incluem um compromisso fundamental para proteger 30% da terra e dos mares do mundo para 2030, eliminando os subsídios prejudiciais à pesca e à agricultura e abordando as espécies invasoras e reduzindo os pesticidas.
As finanças são um dos temas mais divisivos, já que as nações em desenvolvimento exigem mais fundos para a conservação.
No início deste ano, uma coalizão de nações do sul pediu aos países ricos que proporcionem ao menos 100 bilhões de dólares por ano (montante que chegaria a 700 bilhões de dólares anuais em 2030) para a biodiversidade e temas climáticos.
Alguns países querem criar um fundo para financiar a biodiversidade, mas as nações ricas resistem, pois preferem melhorar os canais existentes.
O delicado tema da biopirataria também cria obstáculos, já que muitos países, principalmente africanos, exigem que as nações ricas compartilhem os lucros dos ingredientes e fórmulas utilizadas em cosméticos e medicamentos derivados de recursos que são objeto de conservação no hemisfério sul.
A implementação também se tornou outro ponto conflito nos últimos dias, com desacordos sobre como garantir que se coloque em prática qualquer acordo final.
"Existe uma resistência significativa para ter os mecanismos sólidos de acompanhamento e revisão que acreditamos que são necessários", disse uma fonte europeia próxima das negociações.
A cúpula, presidida pela China e transferida para o Canadá devido à política de covid zero de Pequim, está sendo realizada sem a presença de líderes mundiais, que compareceram em massa à COP27 do clima em Sharm el-Sheikh, em novembro.
O presidente de China, Xi Jinping, não comparecerá à COP15 e visitará a Arábia Saudita esta semana.
Assim, caberá aos ministros ligados ao meio ambiente dirigir, a partir de 15 de dezembro, as negociações.
As ONGs afirmam que a ausência dos líderes mundiais na cúpula traz o risco de diminuir o impulso das conversas e pode colocar uma pá de cal sobre um acordo ambicioso.
As negociações acontecem no momento em que a comunidade científica adverte que o mundo enfrenta o maior evento de extinção em massa desde a era dos dinossauros, com mais de um milhão de espécies em perigo.
A ação humana dizimou florestas, áreas úmidas, cursos d'água e milhões de plantas, animais e insetos que vivem neles, e a metade do PIB mundial depende de alguma maneira da natureza.
Com tanto em jogo, os observadores pedem um "momento Paris" para a natureza: um acordo ambicioso em linha com o histórico pacto firmado na cúpula climática de 2015.
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