Al Jazeera apresenta ao TPI caso que envolve morte de jornalista
A rede de TV do Catar Al Jazeera anunciou nesta terça-feira (6) que apresentou à procuradoria do Tribunal Penal Internacional (TPI) o caso da morte da jornalista Shireen Abu Akleh, argumentando que ela foi assassinada deliberadamente por forças de Israel enquanto trabalhava.
A Al Jazeera afirmou em um comunicado que "descobriu novas evidências" sobre as circunstâncias da morte da repórter de cidadania palestina e americana, atingida por um tiro na cabeça em 11 de maio, quando cobria uma operação do Exército israelense em Jenin, na Cisjordânia ocupada.
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O TPI não é obrigado a examinar os casos enviados por grupos ou particulares. A maioria das demandas não é investigada.
A emissora catari apresenta o pedido para que o caso seja investigado porque há "novas evidências de testemunhas e de vídeo (que) mostram claramente que Shireen e seus colegas foram atingidos por tiros disparados diretamente pelas Forças de Ocupação de Israel".
O canal de notícias menciona que "a alegação das autoridades israelenses de que Shireen foi morta por engano em um tiroteio é completamente infundada".
O TPI iniciou uma investigação sobre os crimes de guerra nos Territórios Palestinos, mas Israel questiona sua jurisdição.
O exército israelense admitiu em 5 de setembro a possibilidade de que um de seus soldados atirou na jornalista após confundi-la com uma militante palestina.
Mas Israel já afirmou que não vai cooperar com nenhuma investigação externa sobre a morte de Abu Akleh.
"Ninguém irá investigar os soldados do Exército de Israel e ninguém nos dará um sermão sobre a moral na guerra, muito menos a Al Jazeera", declarou o primeiro-ministro israelense, Yair Lapid.
Os Estados Unidos também se opõem à decisão da Al Jazeera, segundo o porta-voz da diplomacia americana, Ned Price.
A procuradoria do TPI confirmou que recebeu "a comunicação da Al Jazeera Media Network". "Qualquer indivíduo ou grupo pode enviar informações sobre supostos crimes ao procurador do TPI, que tem o dever de proteger a confidencialidade das informações recebidas", afirmou seu gabinete em nota à AFP.
A jornalista veterana usava um colete à prova de balas com a palavra "Press" (Imprensa) e um capacete quando foi atingida por um tiro na cabeça no campo de refugiados de Jenin, um local histórico do conflito palestino-israelense.
Uma sobrinha da jornalista, Lina Abu Akleh, pediu ao TPI que investigue a morte da repórter porque as provas são "claras".
As evidências da Al Jazeera mostram, segundo a rede, que as forças israelenses "dispararam diretamente" contra a jornalista e seus colegas.
"As evidências mostram que esse assassinato deliberado fazia parte de uma campanha mais ampla para atacar e silenciar a Al Jazeera", disse em um comunicado.
O advogado da emissora, Rodney Dixon, afirmou que houve um "encobrimento total" da morte de Abu Akleh pelas autoridades israelenses.
Depois de receber uma denúncia formal de particulares ou grupos, o TPI decide de forma independente quais casos enviar para os juízes do tribunal.
Os magistrados que decidem se permitem uma investigação preliminar por parte do procurador, que pode ser seguida por uma investigação formal e, eventualmente, uma apresentação de acusações.
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