Cinco coisas a saber sobre o PKK após atentado em Istambul
As autoridades turcas acusaram, nesta segunda-feira (14), os combatentes curdos do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) pelo atentado que deixou seis mortos e dezenas de feridos no domingo (13) em Istambul.
O PKK e seus aliados negaram qualquer vínculo com o ataque.
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O PKK é uma organização classificada como "terrorista" pela Turquia e alguns aliados no Ocidente. Trava, desde 1984, uma sangrenta insurreição em território turco, um conflito que já deixou mais de 40.000 mortos.
Este movimento de inspiração marxista-leninista buscava inicialmente a criação de um Estado curdo independente. Agora luta por autonomia política dentro da Turquia.
O PKK atacou várias vezes no passado as forças de segurança turcas. Tais incidentes eram frequentemente reivindicados pelos Falcões da Liberdade do Curdistão (TAK), um grupo curdo radical próximo ao PKK.
Foi o caso do duplo ataque em dezembro de 2016 ao estádio de futebol do Besiktas, em Istambul, que deixou 47 mortos, incluindo 39 policiais, e 160 feridos.
Em 2013, o governo turco e o PKK iniciaram um processo de negociação, mas o frágil cessar-fogo foi rompido em 2015.
O governo turco acusa o partido de oposição pró-curdo da Turquia, o Partido Democrático do Povo (HDP), de ter ligações com o PKK, algo que esta formação nega.
Após a tentativa de golpe de 2016, as autoridades turcas prenderam prefeitos do HDP, que é o segundo maior partido da oposição com 56 assentos, em algumas cidades do sudeste da Turquia, especialmente na província de Diyarbakir, de maioria curda.
Meios de comunicação curdos também foram fechados e vários jornalistas foram presos.
O ex-líder do partido, Selahattin Demirtas, está preso desde 2016 acusado de liderar uma "organização terrorista".
Demirtas condenou o ataque de domingo da prisão.
O HDP ainda enfrenta uma série de processos judiciais que podem levar à interdição da formação.
O exército turco realiza regularmente operações contra o PKK na Turquia e em áreas montanhosas do norte do Iraque, onde a organização mantém bases de retaguarda.
Desde abril, o exército turco realiza a operação "garra fechada".
No mês passado, a mídia pró-curda afirmou que a Turquia havia usado armas químicas, algo que Ancara nega.
No entanto, o comandante do PKK, Murat Karayilan, anunciou em 2 de novembro sua disposição de se vingar.
A polícia turca deteve dezenas de pessoas após o ataque de domingo, incluindo uma mulher acusada de ser uma cidadã síria que plantou a bomba.
Segundo a polícia, a mulher alegou que agiu sob as ordens do PKK e disse que entrou na Turquia pelo norte da Síria.
O ministro do Interior, Suleyman Soylu, também acusou as forças curdas YPG, as Unidades de Proteção do Povo, que controlam a maior parte do nordeste da Síria, de serem responsáveis pelo ataque.
"Acreditamos que a ordem para o ataque foi dada em Kobane", disse ele.
A Turquia lançou uma série de ofensivas na Síria desde 2016 contra as milícias curdas.
E desde maio, o presidente Recep Tayyip Erdogan ameaçou lançar uma nova operação.
Por estas razões, a Turquia "rejeitou" nesta segunda-feira as condolências enviadas pelos Estados Unidos pelo ataque, afirmando que Washington apoia os "terroristas" de Kobane por ter armado as YPG para lutar contra os jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI).
O ataque de domingo alimentou temores de uma nova onda de atentados na Turquia, sete meses antes das eleições presidenciais e legislativas de junho de 2023.
Na memória dos turcos está a série de ataques ocorridos entre 2015 e 2016, que foram reivindicados em parte pelo grupo jihadista EI e deixaram quase 500 mortos e 2.000 feridos, no período pré-eleitoral.
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