Ucrânia busca documentar 'crimes' russos na cidade de Kherson

As autoridades da Ucrânia começaram, neste sábado (12), a retirar as minas de Kherson e a documentar "crimes" cometidos durante os oito meses de ocupação russa nessa cidade do sul do país.

O hino nacional ucraniano voltou a soar em Kherson na sexta-feira, após a retirada das tropas russas da cidade. Esta localidade foi a primeira a cair nas mãos de Moscou, depois da invasão da Ucrânia pelo presidente Vladimir Putin em fevereiro deste ano.

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Kherson é "nossa", proclamou o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, após a retirada dos invasores, que há semanas vinham tentando confrontar uma avassaladora contraofensiva ucraniana no sul e no leste.

A televisão ucraniana voltou a funcionar na cidade e o provedor de energia da região indicou que estava trabalhando para restabelecer o fornecimento de eletricidade.

O chefe da polícia ucraniana, Ihor Klymenko, revelou que cerca de 200 agentes estavam estabelecendo controles nas rodovias e registrando "os crimes dos ocupantes russos".

Também pediu cautela aos moradores pela possível presença de minas terrestres colocadas pelas tropas russas. Um policial ficou ferido enquanto removia esses artefatos de um edifício administrativo, lembrou Klymenko.

Uma mulher e duas crianças foram transferidas para o hospital depois que um artefato explosivo foi acionado perto de seu carro na localidade de Mylove, na província de Kherson, informou a polícia.

No distrito de Berislav, a cerca de 75 km da cidade de Kherson, a polícia ucraniana informou que ocorreram bombardeios russos que deixaram "mortos e feridos", sem dar mais detalhes.

Kherson era a única capital provincial que estava em poder dos russos e sua libertação representa um importante revés para Moscou.

Além disso, a província foi uma das quatro que Putin anunciou como anexadas pela Rússia em setembro, quando prometeu que usaria todos os meios disponíveis para defendê-la.

Se as tropas de Kiev conseguirem reconquistar a totalidade da província, que tem acesso ao Mar Negro e ao Mar de Azov, cortariam a ligação terrestre entre a Rússia e a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.

Apesar do recuo, o Kremlin insiste em que Kherson continua sendo parte da Federação da Rússia. "Não há mudanças nisso e não pode haver", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

O ex-presidente russo, Dmitry Medvedev, voltou a insinuar neste sábado que Moscou poderia utilizar armas nucleares.

"Por razões que são óbvias para todas as pessoas razoáveis, a Rússia ainda não usou todo o seu arsenal de possíveis meios de destruição", afirmou Medvedev em texto publicado no Telegram. "Há um tempo para tudo", acrescentou.

A Ucrânia, por sua vez, considera que a contraofensiva ainda não terminou.

O ministro das Relações Exteriores do país, Dmytro Kuleba, afirmou que os países ocidentais, aliados da Ucrânia, se encaminhavam para uma "vitória conjunta" de "todas as nações amantes da paz ao redor do mundo".

"Poucos acreditavam que a Ucrânia sobreviveria", afirmou Kuleba, ao se reunir com o secretário de Estado americano, Antony Blinken, em uma cúpula do Sudeste Asiático no Camboja.

Blinken, por sua vez, elogiou a "bravura extraordinária" do exército e do povo ucraniano e prometeu que o apoio dos Estados Unidos "continuará durante todo o tempo que for necessário" para derrotar a Rússia.

Em Kiev, a libertação de Kherson foi recebida com festa.

Os moradores da cidade sulista radicados na capital se reuniram na emblemática praça Maidan envoltos em bandeiras ucranianas, cantando o hino nacional e brindando com champanhe.

"No começo não acreditei. Achei que fosse levar semanas e meses, algumas poucas centenas de metros por vez, e agora vemos que chegaram a Kherson em um dia. É a melhor surpresa", declarou Artem Lukiv, de 41 anos.

Em Londres, o ministro da Defesa do Reino Unido, Ben Wallace, disse que a situação em Kherson poderia levar os russos a questionarem a guerra.

"A retirada de Kherson anunciada pela Rússia marca um novo fracasso estratégico para eles. Em fevereiro, a Rússia não conseguiu alcançar os principais objetivos que havia estabelecido, exceto [a tomada] de Kherson", lembrou Wallace.

"Agora, com [esta cidade] também abandonada, as pessoas na Rússia devem se perguntar: 'Para que serve tudo isso?'", acrescentou.

Contudo, o chanceler ucraniano Kuleba advertiu que "a guerra continua" e que Kiev continua vendo que "a Rússia está mobilizando mais recrutas e levando mais armas à Ucrânia".

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