Pressão para retomada das negociações entre governo e oposição venezuelana aumenta em Paris

A pressão internacional para a retomada das negociações no México entre governo e oposição venezuelanos aumentou nesta sexta-feira (11) no Fórum da Paz de Paris, onde se espera um diálogo entre ambas as partes, impulsionado pela França.

"Começando a trabalhar com a delegação venezuelana", tuitou o embaixador francês em Caracas, Romain Nadal, junto a uma imagem do chavista Jorge Rodríguez e do representante da oposição Gerardo Blyde no Fórum de Paris para a Paz.

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"Os venezuelanos e outros países latino-americanos nos perguntaram se o fórum poderia sediar um diálogo este ano entre as partes venezuelanas que até agora não se falavam", disse à AFP o presidente do evento, Pascal Lamy.

Macron, o presidente colombiano, Gustavo Petro, e seu homólogo argentino, Alberto Fernández, "vão iniciar esse diálogo hoje", afirmou Lamy, para quem seu resultado dependerá das "condições" das delegações venezuelanas.

A quinta edição deste fórum conta com a presença dos presidentes da Colômbia e da Argentina, além de um discurso por vídeo do presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.

Embora Macron tenha promovido o evento em 2018 para pensar a governança mundial e o multilateralismo, também busca "oferecer um espaço de diálogo para prevenir conflitos", como é o caso da crise na Venezuela.

Paris e a organização buscam criar uma dinâmica para que o processo seja retomado no México.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, o congelou em outubro de 2021 após a extradição para os Estados Unidos de Alex Saab, um empresário próximo.

"As negociações entre o governo e a oposição devem ser retomadas o mais rápido possível no México, começando com um acordo humanitário e depois - espero - com garantias políticas", disse o líder francês no dia anterior, ao receber seu colega argentino no Eliseu.

Na prática, espera-se uma reunião privada entre as delegações venezuelanas à tarde, segundo uma fonte familiarizada com o assunto. Macron, Petro e Fernández também devem realizar "uma reunião sobre a Venezuela" às 17h00 GMT (14h00 em Brasília), de acordo com a agenda do argentino.

Maduro, cuja reeleição em 2018 não é reconhecida pelos Estados Unidos, França e outros 50 países, enviou o líder da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, conforme disse ao seu homólogo francês na segunda-feira durante uma discussão informal à margem da COP27 em Egito.

A oposição venezuelana confirmou em nota a presença de Gerardo Blyde - o outro principal negociador do processo mexicano - para apresentar sua "visão" e destacar "a importância de obter resultados com urgência".

Os contatos já começaram. No Twitter, Rodríguez publicou imagens com Nadal e a deputada francesa Éléonore Caroit, assegurando que "o caminho da Venezuela é o diálogo, a suspensão de todas as sanções ilegais e o respeito à Constituição".

O chanceler espanhol, José Manuel Albares, também se reuniu com ambos na capital francesa, a quem expressou que a "Espanha apoia a retomada das negociações" e está disposta "a acompanhar o processo", segundo uma nota de seu Ministério.

A situação internacional mudou desde 2018, após a pandemia global e a ofensiva russa na Ucrânia, que provocou um aumento nos preços do petróleo e dos alimentos, bem como problemas de fornecimento de fertilizantes.

Na América Latina, vários governos se voltaram recentemente para a esquerda, como Chile, Colômbia e Brasil. O apoio à oposição de Juan Guaidó na Venezuela, que se autoproclamou presidente interino em 2019, parece perder força no mundo.

Gustavo Petro, o primeiro presidente de esquerda da Colômbia, retomou as relações com o país vizinho, com o qual reabriu as fronteiras, e também seu reuniu com Maduro em Caracas, em um giro de 180º da política de seu predecessor Iván Duque.

Na quarta-feira, em declarações à AFP no Egito, Duque criticou a iniciativa em Paris, onde disse que um acordo será anunciado "diante das negociações no México" e será aberto "um roteiro para as eleições presidenciais de 2024".

Maduro tenta "ganhar tempo", "se apresentará novamente [em 2024] e a manipulará", enquanto continua a "aniquilar" as "liberdades", estimou o ex-presidente, para quem o venezuelano já "enganou" até Macron.

Durante a sessão inicial do Fórum, Petro estimou que uma decisão global de descarbonizar a economia ajudaria a evitar conflitos na Venezuela, que "sofre de polarização política e indiscutível instabilidade democrática [que] tem a ver com o petróleo que está no subsolo".

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