Catar rejeita fundo de indenizações para trabalhadores mortos nos preparativos do Mundial
Lideranças internacionais pedem à Fifa e ao Catar para que seja criado um fundo de compensação de US$ 440 milhões para os trabalhadoresO Catar rejeitou pedidos de ONGs para se criar um fundo de indenização para trabalhadores mortos, ou feridos, nos preparativos para a Copa do Mundo de futebol, declarou seu ministro do Trabalho, Ali bin Samij al-Marri, em entrevista exclusiva à AFP.
"Este pedido (...) de uma campanha de compensação é uma estratégia de comunicação", rebateu o ministro Al-Marri em entrevista feita no domingo (30).
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Segundo o político, o Catar já conta com um fundo para os trabalhadores mortos, ou feridos. Ele afirmou ainda que o país está destinando centenas de milhões de dólares em salários que não haviam sido pagos.
A Anistia Internacional e a Human Rights Watch lideraram os apelos à Fifa e ao Catar para que criem um fundo de compensação de US$ 440 milhões - o equivalente aos prêmios da Copa do Mundo - para os trabalhadores.
As ONGs têm criticado, regularmente, as condições de trabalho dos operários mobilizados nas diferentes obras da competição, prevista para acontecer neste rico emirado do Golfo a partir de 20 de novembro.
Também acusam o Catar de não informar, de maneira adequada, o número de mortes. O governo rejeita os informes, segundo os quais milhares de pessoas morreram em acidentes em canteiros de obras, ou tiveram condições de proteção insuficientes durante os meses quentes.
A Fifa garante que há um "diálogo contínuo" sobre o assunto, mas, no primeiro comentário público do governo, Marri disse que a proposta é inviável.
"Cada morte é uma tragédia", comentou o ministro do Trabalho, mas, acrescentou, "não há qualquer critério para criar esses fundos".
"Onde estão as vítimas, vocês têm os nomes das vítimas? Como se consegue obter esses números?", questionou.
Alguns líderes sindicais internacionais também disseram que seria muito complicado criar e administrar um novo fundo.
Em 2018, o Catar criou um fundo para ajudar trabalhadores não remunerados, o qual teria desembolsado, segundo o ministro, US$ 320 milhões somente neste ano.
"Se há uma pessoa com direito a indenização que não a recebeu, ela deve se apresentar e nós vamos ajudá-la", prometeu, acrescentando que o Catar está disposto a examinar casos de há mais de uma década.
O emirado do Golfo enfrentou uma onda de críticas desde que foi nomeado sede da Copa do Mundo em 2010. Os ataques se intensificaram este ano por causa das condições dos trabalhadores migrantes, dos direitos das mulheres e do coletivo LGBTQ.
No mês passado, o emir do Catar manifestou que o país enfrenta "uma campanha [crítica] sem precedentes".
Segundo o ministro do Trabalho, as críticas não levam em conta as reformas que o país implementou desde 2017 com a ajuda da Organização Internacional do Trabalho (OIT), órgão das Nações Unidas.
Outros países e grupos usaram "informações falsas" e "rumores" para "desacreditar o Catar, com afirmações deliberadamente enganosas", rebateu, denunciando que alguns críticos também agiram por "racismo".
"Você não quer permitir que um país pequeno, um país árabe, um país islâmico, organize a Copa do Mundo", reagiu.
"Conhecem muito bem as reformas que foram feitas, mas não as reconhecem porque têm motivações racistas", argumentou.
O Catar se refere à implementação do salário mínimo, à redução da dependência dos trabalhadores em relação ao empregador e às regras de proteção mais rígidas durante os verões quentes.
Esta semana, a OIT afirmou que os salários não pagos são a maior queixa dos trabalhadores e que o principal desafio do Catar é aplicar suas novas leis.
O Ministério do Trabalho está "concentrado" nessa tarefa, frisou Marri.
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