Bolsonaro e Lula encerram campanha na véspera do segundo turno presidencial
O presidente Jair Bolsonaro (PL), e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) trocaram as últimas farpas no encerramento de suas campanhas para o segundo turno no domingo.
Neste sábado (29), os candidatos foram a Minas Gerais e São Paulo, respectivamente, os dois estados com maior peso eleitoral no país.
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Na pesquisa divulgada pelo Instituto Datafolha na véspera da votação, Lula tem 52% das intenções de voto contra 48% para Bolsonaro, considerando os votos válidos (descontados brancos e nulos).
Os resultados reduziram em dois pontos a diferença entre os dois candidatos com relação à consulta de quinta-feira, em que Lula aparecia com 53% e Bolsonaro, com 47% dos votos válidos.
A última pesquisa foi realizada entre sexta e sábado com entrevistas a 8.308 pessoas em 253 municípios e tem margem de erro de 2%, um dado que permite prever uma definição eletrizante do segundo turno.
Segundo o Datafolha, os percentuais significam um empate técnico no limite da margem de erro, com vantagem estatística mais provável a Lula.
Neste sábado, Bolsonaro liderou uma motociata em Belo Horizonte, onde foi recebido aos gritos de "Mito!" por milhares de apoiadores que foram saudá-lo vestidos de verde e amarelo.
"Estou confiante na vitória", disse o presidente de 67 anos à imprensa na capital mineira, após o duro debate televisionado na sexta-feira com Lula, no qual um chamou o outro de mentiroso.
Os simpatizantes do presidente justificaram seu apoio pelo medo da volta de Lula ao poder. "Não sou a favor do aborto, nem da ideologia de gênero, que é o que o outro partido quer impor no nosso país", disse a microempresária Fabrícia Alves, de 36 anos.
Em São Paulo, Lula fez críticas ao presidente antes de participar de uma caminhada. "Bolsonaro não tem limite para contar mentiras [...] Um cidadão desse, descontrolado, não tem condições psíquicas de governar um país do tamanho do Brasil".
Lula ficou à frente no primeiro turno com 48% dos votos contra 43% de Bolsonaro, resultado que contrariou as projeções que antecipavam uma vantagem confortável para o ex-presidente.
"Vim aqui lutar pela democracia e um país melhor", disse Adriano Araújo, um engenheiro civil de 39 anos, apoiador do ex-presidente.
Em Brasília, apoiadores dos dois candidatos também circularam pelas ruas com bandeiras neste sábado.
A primeira-dama, Michelle, participou de uma caravana das "Mulheres com Bolsonaro" a bordo de um jipe. Segundo um fotógrafo da AFP, o ato reuniu cerca de 100 carros na região central da capital.
Bolsonaro busca a reeleição após um mandato de quatro anos marcado especialmente pelas crises sanitária e econômica desencadeadas pela pandemia que matou 688 mil pessoas no Brasil, suas relações tensas com as instituições e críticas internacionais por sua política ambiental.
Na reta final da eleição, ele apresentou como feitos de seu governo a lenta recuperação da atividade econômica, principalmente a queda recente da inflação e do desemprego, que ficou em 8,7% em setembro.
Durante meses, Bolsonaro questionou, sem provas, o sistema eletrônico de votação, despertando temores de que não aceitaria os resultados de domingo caso lhe fossem desfavoráveis.
Nesta sexta, porém, afirmou que "quem tiver mais votos, leva", ao ser questionado se aceitaria uma eventual derrota.
"Isso que é a democracia", acrescentou.
Lula pretende, aos 77 anos recentemente completados, voltar ao poder depois de governar o país entre 2003 e 2010.
Neste domingo, 156 milhões de eleitores estão convocados a votar nos 26 estados e no Distrito Federal.
No primeiro turno, em 2 de outubro, cerca de 32 milhões de eleitores não foram votar (21%). O número quintuplica a vantagem de seis milhões de votos que Lula obteve à frente de Bolsonaro.
Apesar da obrigatoriedade do voto, a multa por não comparecer às urnas é de apenas R$ 3,50.
A expectativa de um resultado apertado gera o temor de que aumente a polarização e a irritação do país, após uma campanha tensa, repleta de ofensas e desinformação.
Após seus dois mandatos, Lula esteve preso no âmbito da operação "Lava Jato", mas ressuscitou politicamente após a anulação de suas sentenças por irregularidades processuais.
Agora, conta com o apoio de artistas como Anitta e Caetano Veloso, da senadora Simone Tebet (MDB), terceira colocada no primeiro turno com 4% dos votos, e de adversários históricos do Partido dos Trabalhadores (PT), como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Bolsonaro é apoiado, sobretudo, pelo agronegócio e pela maioria dos evangélicos - um terço do eleitorado -, que elogiam suas posições ultraconservadoras.
Também lhe declararam apoio vários cantores sertanejos, o jogador Neymar e o ex-presidente americano Donald Trump, com quem Bolsonaro costuma ser comparado.
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