Noruega revela identidade de suposto espião russo que se passou por brasileiro
O serviço de inteligência da polícia da Noruega (PST, na sigla em norueguês) revelou nesta sexta-feira (28) a verdadeira identidade de um suposto espião russo que utilizava uma identidade brasileira e se fazia passar por um pesquisador acadêmico.
O PST identificou o homem como Mikhail Valeryevich Mikushin, um cidadão russo nascido em 1978, que se apresentava com a identidade de José Assis Giammaria, um brasileiro de 37 anos.
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A polícia deteve o suspeito na segunda-feira e o transferiu para a prisão por violar as leis de imigração.
No entanto, desde então, a investigação se voltou para suspeita de ações de "espionagem ilegal dirigidas contra segredos de Estado, com o objetivo de prejudicar os interesses fundamentais da nação".
O suspeito, em contrapartida, rejeita as acusações, que são passíveis de até três anos de prisão na Noruega, mas aceitou permanecer em prisão preventiva por quatro semanas.
Segundo o PST, o suspeito afirma que é brasileiro, mas optou por responder em inglês durante sua audiência de custódia mesmo com a disponibilidade de um intérprete de português. A mídia norueguesa publicou fotos do suspeito, um homem corpulento e com a cabeça raspada.
Antes de sua captura, Mikushin trabalhava como pesquisador na Universidade de Tromsø, na região estratégica do Ártico, onde foi admitido no outono boreal de 2021.
Seus trabalhos se concentravam na política norueguesa para o Ártico - onde a Noruega compartilha 198 km de fronteira com a Rússia - e nas ameaças híbridas, segundo o PST.
"Acreditamos que o mero acesso a alguns desses círculos de pesquisa, que são provedores de informações para as autoridades para a formulação de políticas, é de significativa importância nacional", argumentou Thomas Blom, funcionário do PST, em coletiva de imprensa.
Segundo o serviço de inteligência da polícia norueguesa, Mikushin queria estabelecer uma rede de contatos, implementar canais de informação e fazer parte dos círculos que lidam com informações sensíveis.
O nome de Mikhail Mikushin corresponde ao de um coronel do serviço de inteligência militar russo, conhecido pela sigla GRU, segundo Christo Grozev, um pesquisador do meio investigativo Bellingcat.
"Bom trabalho, Noruega. Vocês conseguiram deter um coronel do GRU", tuitou. A descoberta deste tipo de agente é bastante complexa e pouco comum.
O caso acontece em um momento de alta tensão entre a Rússia e os países do Ocidente por causa da guerra na Ucrânia.
Nos últimos dias, as autoridades norueguesas detiveram vários cidadãos russos acusados de operarem drones, violando a proibição de voo o de fazer imagens em lugares sensíveis do país.
Após a redução das entregas de gás russo para a Europa, a Noruega se tornou o principal fornecedor desta fonte de energia aos países europeus e reforçou a vigilância de suas instalações estratégicas.
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