Mundo real impacta os negócios das gigantes da tecnologia

De San Francisco a Seattle, as empresas de tecnologia americanas preocupam o mercado com crescimentos abaixo do esperado e previsões pouco animadoras, um sinal de que até as 'big techs' sofrem com a fragilidade da economia e a concorrência de novos atores.

"Esta semana ficará na história dos resultados financeiros como uma das piores para as 'Big Tech', inclusive como um ponto de inflexão", destacou o analista Dan Ives, da Wedbush Securities, nesta quinta-feira (27).

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A Alphabet, empresa matriz da Google, registrou no terceiro semestre o menor crescimento de suas receitas desde 2013, com exceção do período pandêmico.

A Microsoft, impulsionada pela computação em nuvem, divulgou bons resultados trimestrais na terça-feira, mas emitiu um alerta sobre o crescimento de sua plataforma Azure para este setor.

Enquanto isso, a Meta (Facebook, Instagram, WhatsApp, Oculus) foi um "desastre", segundo Ives. Seus títulos caíram quase 25% nesta quinta-feira em relação ao fechamento da quarta, quando divulgou seus resultados trimestrais que contabilizavam metade do lucro (4,4 bilhões de dólares, -52%) em relação ao mesmo trimestre de 2021.

A imensa mobilização de recursos para a construção de um universo paralelo - o "metaverso" -, que seja acessível via realidade aumentada e virtual, gera cada vez mais ceticismo entre os observadores da companhia no momento em que a inflação e os aumentos das taxas de juros para contê-la corroem cada vez mais as margens das empresas.

"Não há nenhuma informação sobre o potencial em termos de rendimentos que a Meta poderia obter do metaverso. Ninguém sabe", disse Debra Aho Williamson, analista da Insider Intelligence.

"A Google tem mais chances de se recuperar rapidamente, porque sua ferramenta de buscas é um dos pilares da internet há décadas, tanto para consumidores, quanto para empresas. Seu modelo econômico não está quebrado", acrescentou.

Diante das dificuldades econômicas do mundo, muitos anunciantes cortam seus orçamentos de marketing e isso afeta as empresas que obtêm a maior parte de sua receita com publicidade na Internet.

O Snapchat sofre particularmente com isso: apesar do número de usuários estar crescendo, o aplicativo é considerado um canal de comunicação experimental.

A Meta, por sua vez, vendeu 17% mais espaço publicitário no terceiro trimestre. No entanto, o preço médio caiu 18% em relação ao mesmo período do ano passado.

"Sabíamos que os gastos com publicidade no mundo cairiam. Mas acho que o pior já passou", disse Tejas Dessai, analista da Global X ETFs.

O Vale do Silício também sofre com o efeito de comparação com 2021, quando a pandemia favoreceu os negócios online.

Mas um dos fatores que mais atinge as grandes plataformas não vai desaparecer facilmente: o ultra-popular TikTok está ganhando cada vez mais espaço.

Em 2021, esta plataforma de entretenimento superou a Google como site mais popular do mundo, de acordo com a Cloudflare.

Google e Meta copiaram o formato de vídeos do TikTok com os "shorts" e os "reels", respectivamente, mas até agora não conseguem converter seus investimentos neste segmento em lucros.

"Mais de 140 milhões de 'reels' rodam no Facebook e Instagram todos os dias, 50% a mais do que seis meses atrás", disse Mark Zuckerberg, número um do Facebook. "E acreditamos que ganhamos partes de mercado no passado (frente a aplicativos) de concorrentes como o TikTok", acrescentou.

"O TikTok é um concorrente temido, mas em termos de receita publicitária, não há comparação", disse Debra Aho Williamson. Os veteranos da indústria "ainda estão muito à frente".

Na área do comércio eletrônico, a gigante americana Amazon registou uma contração de 9% de seu lucro líquido no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, assim como um volume de negócios inferior ao esperado pelo mercado, segundo seus resultados divulgados nesta quinta-feira.

O mercado de ações reagiu muito mal a esses números e as ações da Amazon caíram mais de 19% nas negociações após o horário regular da bolsa.

Por sua vez, a Apple superou as expectativas do mercado com 90 bilhões de dólares de faturamento e 20,7 bilhões de lucro líquido no terceiro trimestre. As vendas do iPhone, seu principal produto, decepcionaram.

No quarto trimestre de seu ano fiscal, o terceiro do ano, o grupo californiano vendeu smartphones por 42,6 bilhões de dólares, abaixo dos US$ 43 bilhões esperados pelos analistas.

Suas ações caíram ligeiramente nas transações eletrônicas fora de horário em Wall Street, fechando em US$ 143,60, próximo ao preço de fechamento do dia.

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