Chega a Angola corpo do ex-presidente Dos Santos, morto na Espanha

O corpo do ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos, morto na Espanha no mês passado, chegou a Luanda neste sábado (20), pondo fim a uma disputa de semanas sobre a repatriação de seus restos mortais.

Um pequeno comitê formado por umas 20 pessoas, entre apoiadores e familiares, aguardava no aeroporto de Luanda para receber o caixão.

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Entre os presentes estavam vários filhos de Dos Santos, e também sua viúva, Ana Paula dos Santos, visivelmente abalada.

Algumas pessoas aplaudiram quando o caixão foi levado, envolto em uma bandeira angolana, seguido por um comboio de veículos pretos.

"Nós, angolanos, estamos orgulhosos de receber os restos do presidente Dos Santos e que possa ter um funeral digno", disse uma assistente, Telma Pilartes.

Dos Santos, que governou com mão-de-ferro este país africano rico em petróleo de 1979 a 2017, morreu em Barcelona em 8 de julho aos 79 anos, após sofrer um infarto.

Desde então, a questão de quando e onde seria enterrado confrontou o governo angolano e sua viúva a alguns de seus filhos.

Um juizado de Barcelona decidiu esta semana que o corpo devia ser entregue a Ana Paula dos Santos e podia se repatriado a Angola.

Após a decisão, a advogada de Welwitschea "Tchizé" dos Santos, uma das filhas do ex-presidente, disse que apelaria da decisão.

Mas Josep Riba Ciurana, advogado da viúva, disse à AFP que um juiz havia concedido a execução imediata da sentença, permitindo o traslado do corpo da Espanha.

"Somos os primeiros surpreendidos" com a notícia, disse a advogada de Tchizé, Carmen Varela, acrescentando que soube da repatriação pela televisão.

Varela explicou que sua cliente queria realizar o funeral em Barcelona porque voltar a Angola não é uma opção para alguns membros da família.

Vários filhos de Dos Santos foram investigados por corrupção nos últimos anos.

Tchizé se opõe a que seu pai seja enterrado em seu país "com um funeral nacional que poderia favorecer o governo atual" do presidente João Lourenço nas eleições de 24 de agosto.

A repatriação ocorre dias antes do pleito e representa uma pequena vitória para o atual presidente.

Lourenço participava de um grande comício em Luanda quando foi anunciada a repatriação iminente do corpo de Dos Santos.

Tchizé acusou o presidente de usar o corpo do pai como ferramenta de campanha, qualificando-o em uma postagem no Instagram de "vergonha mundial".

Durante o mandato de quase quatro décadas de Dos Santos, vários membros de sua família faturaram com as riquezas petroleiras do país, enquanto a maioria dos angolanos continuava mergulhada na pobreza.

Quando renunciou ao cargo, em 2017, Dos Santos entregou o poder a Lourenço, ex-ministro da Defesa.

Mas Lourenço rapidamente se voltou contra seu antigo patrocinador, desatando uma campanha anticorrupção centrada na família do ex-presidente para recuperar bilhões supostamente desviados por Dos Santos.

"Você me levou ao altar e (...) eu não vou poder te levar ao teu último lugar (de descanso)", escreveu no Instagram Isabel, filha mais velha de Dos Santos e uma das investigadas por seus negócios multinacionais.

"Arrancaram você dos meus braços", acrescentou.

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Angola política Espanha DosSantos óbito José Eduardo dos Santos

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