Futebol feminino sul-americano deve seguir os passos do Brasil, diz Emily Lima

Para que a América do Sul seja potência no futebol feminino, as seleções devem focar em "diminuir" a distância para o Brasil, diz a treinadora brasileira Emily Lima, primeira mulher a dirigir a Seleção.

Aos 42 anos, Emily é uma autoridade do futebol feminino na região.

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Em 2016, se tornou a primeira mulher a treinar uma seleção profissional no Brasil. Depois de 11 meses no cargo, ganhou a admiração de lendas como Marta e Formiga, que foram contra sua demissão, antes da chegada da sueca Pia Sundhage.

No final de 2019, ela assumiu a seleção do Equador e comandou a equipe na Copa América de 2022 na Colômbia.

Uma derrota na última rodada do Grupo A contra o Paraguai eliminou o time equatoriano da competição, e Emily decidiu deixar o cargo.

Durante a campanha na Colômbia, a treinadora disse à AFP que as seleções sul-americanas devem seguir os passos do Brasil, maior potência do continente, que disputa as semifinais da Copa América nesta terça-feira contra o Paraguai e é favorita ao título.

"Minha sugestão e minha cabeça estão em pensar em chegar perto do Brasil, diminuir este espaço que temos com o Brasil, e depois começar a pensar em um passo adiante", disse Emily em entrevista por telefone.

O Brasil ganhou sete dos oito torneios continentais realizados desde 1991. Somente a Argentina quebrou essa hegemonia em 2006, mas desde então nenhuma seleção superou o 'jogo bonito' das brasileiras.

"As coisas não aconteceram de um dia para o outro", ressalta a treinadora, enfatizando que o futebol feminino teve que conquistar seu espaço em um mundo dominado por homens.

A luta foi inclusive para mudar as leis: entre 1941 e 1983 o futebol era proibido para as mulheres no Brasil.

O nível do futebol feminino na Conmebol é uma "faca de dois gumes" para o Brasil.

Por um lado, o país soma títulos sem muito esforço; por outro, se mantém no segundo escalão na hora de enfrentar as potências de Europa, Ásia e os Estados Unidos.

"Não podemos comparar nosso continente com o continente europeu, para nada. Quando o Brasil chega para jogar o Mundial ou as Olimpíadas, já é uma seleção normal porque o nível é muito alto", disse a treinadora.

Emily, que nos tempos de jogadora passou por Espanha e Itália, lidera uma "cruzada" para que o futebol feminino seja pensado "de baixo para cima" na América do Sul.

A profissionalização das ligas tem sido a principal reclamação das jogadoras na última década. Mas para Emily é preciso que haja um trabalho desde a base para formar atletas desde meninas, fortalecendo as categorias sub-15 e sub-17.

"Temos que pensar como fazem no futebol masculino. Começam desde garotos, desenvolvem os meninos até a idade adulta para chegarem mais preparados para as competições. Nós não podemos pensar diferente no futebol feminino".

"Por que o futebol feminino tem que começar de cima para baixo? Vai demorar muito mais. Esse processo tem que ser desde cedo até o profissional", concluiu Emily.

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