Macron anuncia poucas mudanças em ministérios para segundo mandato de continuidade

O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou nesta segunda-feira (4) uma reforma do governo sem grandes mudanças para enfrentar o segundo mandato, no qual ele terá dificuldades para aplicar sua agenda reformista e liberal depois de perder a maioria absoluta no Parlamento.

Macron "estendeu a mão em quatro ocasiões à oposição para colocar todas as opções sobre a mesa. Disseram não", afirmou um conselheiro do Executivo, para quem, desta maneira, a "maioria presidencial é a única que existe".

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Com 250 deputados, 39 a menos que o necessário para a maioria absoluta, Macron não anunciou mudanças profundas, mas reforçou o peso de seus aliados. O anúncio de maior destaque não é a chegada de novos ministros, e sim a saída de um dos três membros do gabinete anterior acusados de estupro.

Diante da pressão cada vez maior, o presidente centrista demitiu Damien Abad como ministro de Solidariedade, Autonomia e Pessoas com Deficiências e o substituiu pelo diretor-geral da Cruz Vermelha francesa, Jean-Christophe Combe.

A nomeação de Abad no primeiro gabinete da primeira-ministra Élisabeth Borne em 20 de maio foi apresentada como uma conquista da direita, mas as revelações poucos dias depois de supostas agressões sexuais afetaram o Executivo.

A justiça francesa abriu na semana passada uma investigação por tentativa de estupro, acusação que Abad nega. Embora também sejam alvos de denúncias de estupro, outros dois membros do governo de Borne permanecem nos cargos.

O Ministério Público pediu no início do ano o arquivamento de uma denúncia por estupro contra o ministro do Interior, Gérald Darmanin, que agora assume a pasta de Ultramar. A secretária de Estado para Desenvolvimento, Francofonia e Associações Internacionais, Chrysoula Zacharopoulou, também nega as acusações de estupro contra ela no exercício de sua profissão de ginecologista.

A entrada de maior destaque no governo é a de Laurence Boone, atual economista-chefe da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE), como nova secretária de Estado para Assuntos Europeus.

Seu antecessor Clément Beaune, o "senhor Europa" de Macron desde sua chegada ao poder em 2017, será a partir de agora o ministro dos Transportes, depois de conquistar, com dificuldade, uma cadeira como deputado nas legislativas de junho.

Com base em uma regra não escrita, os ministros que disputaram uma vaga no Parlamento e não conquistaram a cadeira devem abandonar o Executivo. Três não conseguiram, incluindo Amélie de Montchalin, uma grande amiga de Macron, e Brigitte Bourguignon.

Christophe Béchu, atual ministro delegado para as Coletividades Territoriais, assumirá uma das pastas mais importantes, Transição Ecológica, em substituição a Amélie de Montchalin, e o médico François Braun assumirá o ministério da Saúde no lugar de Brigitte Bourguignon, em plena sétima onda de contágios da covid-19 na França.

A reforma ministerial representa na prática o início do segundo mandato do presidente centrista, dois dias antes do discurso de política geral de sua primeira-ministra, e encerra um período de incerteza desde sua reeleição em 24 de abril.

O novo governo não convenceu a extrema-direita nem a esquerda radical, os principais grupos de oposição na Assembleia (Câmara dos Deputados), assim como o partido que o governo busca atrair: Os Republicanos (direita).

"Aqueles que fracassaram permanecem no cargo. O presidente novamente ignora o veredicto das urnas e a vontade dos franceses por uma política diferente", tuitou a líder de extrema-direita Marine Le Pen.

Embora a oposição espere que Borne apresente uma moção de confiança após o seu discurso, a chegada ao governo de muitos ministros sugere que esta prática habitual não deve acontecer. A decisão corresponde ao conselho de ministros, que se reunirá ainda nesta segunda-feira.

Borne já iniciou com a negociação com a oposição de seu primeiro projeto de lei, um pacote de medidas que pretende proteger o poder aquisitivo e que o governo espera aprovar entre o fim de julho e o início de agosto.

O aumento dos preços - especialmente dos combustíveis e dos alimentos - provocado pela guerra na Ucrânia é a principal preocupação dos franceses e um sinal de alerta para Macron, que teve o primeiro mandato marcado por grandes protestos sociais.

bur-tjc/zm/fp

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