Argélia celebra 60º aniversário de sua independência

A Argélia celebra nesta terça-feira (5) com grande pompa, incluindo um desfile militar de dimensão inédita, o 60º aniversário de sua independência após 132 anos de colonização francesa, período que ainda assombra as relações entre os dois países.

Após quase oito anos de guerra entre os insurgentes argelinos e o Exército francês, a paz veio em 18 de março de 1962 com os históricos Acordos de Evian. Com eles, abriu-se caminho para a proclamação da independência argelina em 5 de julho daquele ano, aprovada dias antes por 99,72% dos votos em um referendo de autodeterminação.

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Depois de depositar uma coroa de flores no Santuário dos Mártires em Argel, o presidente Abdelmadjid Tebboune, a bordo de um carro conversível, acompanhado pelo chefe do Estado-Maior do Exército, Said Chanegriha, revisou unidades de vários serviços de segurança antes de iniciar o desfile militar.

Ao mesmo tempo, 60 salvas de canhão foram disparadas.

Vários convidados estrangeiros participaram da cerimônia. Entre eles, estavam o presidente palestino, Mahmud Abbas; o tunisiano, Kais Saied; e o nigeriano, Mohamed Bazoum.

Desde a noite de sexta-feira (1º), as autoridades bloquearam o trânsito em um trecho de 16 quilômetros da principal avenida de Argel para o Exército ensaiar antes do desfile. Foi a primeira parada militar em 33 anos no país.

O fechamento desta avenida, principal acesso ao centro da capital, provocou enormes engarrafamentos nas vias que conduzem a Argel e à periferia.

A independência da Argélia foi alcançada após uma guerra que deixou centenas de milhares de mortos. O conflito fez deste país a única colônia francesa na África que teve de recorrer às armas para se libertar na década de 1960.

Passados 60 anos do fim da colonização, as feridas continuam vivas na Argélia, enquanto a França descarta qualquer "arrependimento", ou "pedido de desculpas", apesar de o presidente francês, Emmanuel Macron, ter feito esforços desde sua eleição para melhorar as relações bilaterais com uma série de gestos simbólicos.

"Genocídio humano, genocídio cultural e genocídio de identidade, dos quais a França continua sendo culpada, não podem ser esquecidos, ou apagados, de forma alguma", comentou Salah Goudjil, presidente do Conselho da Nação, a Câmara alta do Parlamento, e veterano da guerra de independência, em entrevista na segunda-feira (4) ao jornal L'Expression.

Em março, o presidente Tebboune declarou que a questão da memória deve ser tratada de maneira "justa", acrescentando que os "crimes" da colonização francesa não seriam prescritos.

As relações bilaterais atingiram o fundo do poço em outubro passado, quando Macron afirmou que a Argélia foi construída após sua independência sobre um "aluguel de memória" alimentado pelo "sistema político-militar".

Estas declarações provocaram a indignação das autoridades argelinas.

Desde então, no entanto, a situação vem melhorando, e Macron e Tebboune expressaram sua vontade de "aprofundar" as relações, em uma entrevista em meados de junho deste ano.

Na segunda-feira à noite, a Presidência francesa anunciou que Macron havia enviado uma carta a seu colega argelino por ocasião do 60º aniversário da independência, na qual pedia o "fortalecimento dos laços já fortes" entre os dois países.

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