Irã e UE concordam em retomar negociações nucleares em breve

A União Europeia e o Irã anunciaram neste sábado (25) a retomada antecipada das negociações sobre o programa nuclear, suspensas por quase quatro meses, por ocasião da visita a Teerã do líder europeu Josep Borrell.

O chefe da diplomacia da União Europeia (UE) e o ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir Abdollahian, fizeram esses anúncios em uma coletiva de imprensa conjunta em Teerã após uma reunião de duas horas.

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"A diplomacia é a única maneira de retornar à implementação completa do acordo nuclear e superar as tensões atuais", disse Borrell no Twitter depois que a UE confirmou sua visita de dois dias ao Irã.

O deslocamento de Borrell ocorre em um momento de impasse nas negociações lançadas em abril de 2021 entre o Irã e as principais potências Rússia, Estados Unidos, China, França, Reino Unido e Alemanha.

O diálogo visa fazer com que os Estados Unidos retornem ao acordo internacional alcançado em 2015 para limitar o programa nuclear iraniano. Washington retirou-se unilateralmente do pacto em 2018 durante o governo de Donald Trump e o Irã se dissociou progressivamente de seus compromissos.

O pacto de 2015 aliviou sanções sufocantes contra o Irã em troca de uma redução em seu programa nuclear. As grandes potências acusam Teerã de querer adquirir uma bomba atômica, apesar de sua versão de que busca apenas para fins civis.

Os Estados Unidos não mantêm relações diplomáticas com o Irã desde 1980, de modo que as negociações ocorrem indiretamente em Viena, com a mediação da UE. Tanto Washington quanto Teerã se culpam pelo impasse.

"Instamos o Irã a aproveitar esta oportunidade diplomática para fazê-lo agora, enquanto ainda é possível", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da França em comunicado na sexta-feira.

A última visita de Borrell ao Irã foi em fevereiro de 2020.

No Twitter, o enviado especial dos EUA para o Irã, Robert Malley, agradeceu a Borrell e Enrique Mora, o negociador da UE que coordena as negociações nucleares, por sua "coordenação contínua e estreita com os EUA".

"Continuamos comprometidos com o caminho da diplomacia útil, junto com nossos parceiros europeus", escreveu ele após reafirmar na quinta-feira "o compromisso americano de retornar ao acordo" de 2015.

O governo americano de Joe Biden afirmou que deseja retornar ao acordo, desde que Teerã retorne aos seus compromissos, enquanto o Irã exige o levantamento das sanções.

Na quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores iraniano disse que seu país "espera seriamente chegar a um acordo justo, forte e duradouro" e pediu a Washington que "mostre realismo".

No início de junho, o Irã desligou algumas das câmeras de vigilância da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em suas instalações nucleares, depois que os Estados Unidos e os países europeus votaram uma resolução em 8 de junho denunciando a falta de cooperação de Teerã. No entanto, o Irã afirma que todas essas medidas são "reversíveis" uma vez que um acordo seja finalizado em Viena.

Segundo especialistas, a recusa dos Estados Unidos em retirar os Guardiões da Revolução da lista americana de "organizações terroristas" é o principal obstáculo às negociações.

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