Funcionários da Codelco suspendem greve e aceitam fechamento de usina poluidora

Os trabalhadores da mineradora estatal chilena Codelco, maior produtora mundial de cobre, encerraram nesta quinta-feira (23) uma greve convocada por tempo indeterminado, após chegarem a um acordo com o governo para o fechamento de uma usina contaminante, informou o sindicato.

"Oficialmente hoje estamos declarando a suspensão da paralisação", informou o dirigente da Federação de Trabalhadores do Cobre (FTC), Amador Pantoja, após acordar com a diretoria da Codelco o início de negociações para o fechamento da fundição de cobre "Ventanas", apontada como a causadora da contaminação em uma área conhecida como o "Chernobyl chileno".

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O processo de fechamento, segundo o governo, levará cerca de cinco anos. Os dirigentes da FTC e representantes da Codelco vão formar um grupo de trabalho para "abordar os cenários de descontinuação" de Ventanas, indicou um comunicado de ambas as partes.

Assim, chega ao fim a greve que começou na quarta-feira com a participação de mais de 40 mil trabalhadores de 26 sindicatos da Codelco.

Eles rejeitavam o fechamento da Fundição Ventanas, localizada em um parque industrial na costa central chilena e identificada como uma das principais responsáveis pela contaminação gerada por um complexo que abriga desde 1958 mais de 15 empresas nas cidades de Quintero e Puchuncaví, onde vivem cerca de 50 mil pessoas.

Após a intoxicação, na semana passada, de cerca de 100 pessoas, a maioria crianças em idade escolar, o governo do presidente de esquerda Gabriel Boric decidiu fechar a usina, devido à poluição gerada na baía, 140 km a oeste de Santiago.

"Todo o cordão industrial polui e nós éramos a única empresa fiscalizada", afirmou à AFP Antonio Lecuña, líder sindical de Puchuncaví.

Os trabalhadores que protestavam nos portões da fundição receberam o fim da greve em meio a discussões e pedidos de paciência, diante da preocupação em conhecer a fundo o acordo firmado com o governo.

"Há muita gente desiludida, as pessoas que estão reunidas em Santiago deveriam nos dar informações, e não ficarmos sabendo pela imprensa. As coisas não estão claras", disse à AFP Danisa Roco, funcionária da Codelco.

Os sindicatos consideraram "arbitrária" a decisão de fechar essas instalações e exigiam que o governo investisse 54 milhões de dólares para adequar a usina aos padrões ambientais mais elevados e mantê-la operando.

A Codelco e seus funcionários concordaram em "estabelecer o cuidado com a saúde dos trabalhadores, das comunidades onde as operações estão inseridas, a proteção do meio ambiente, assim como o resguardo da empregabilidade", segundo o comunicado conjunto.

Para concretizar o fechamento, o Congresso chileno deve revogar uma lei que obriga a Codelco a fundir em Ventanas cobre de produção própria e de mineração de pequeno e médio porte.

A Codelco produz quase 8% do cobre mundial e é responsável por entre 10 e 15% do PIB chileno.

A mineradora se comprometeu a manter os mais de 300 trabalhadores de Ventanas em outras divisões, de acordo com André Sougarret, presidente em exercício da estatal chilena. A refinaria que opera no mesmo local, inclusive, seguirá funcionando.

Além disso, as duas partes destacaram a decisão do governo de reinvestir 30% dos ganhos anuais da Codelco - que por lei deve entregar todos os seus lucros ao Estado - até 2024.

msa/pa/mr/ic/mvv

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