Dinamarqueses votam 'Sim' para ingressarem na política de defesa da UE

A maioria dos dinamarqueses, quase 67%, votou nesta quarta-feira (1º) a favor de ingressar na política de defesa da UE, após 30 anos de exceção, após a contagem de 97% dos votos.

"Esta noite, a Dinamarca enviou um sinal importante. Para nossos aliados na Europa e na Otan, e para (o presidente Vladimir) Putin", disse a primeira-ministra Mette Frederiksen a apoiadores.

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"Mostramos que quando Putin invade um país livre e ameaça a estabilidade na Europa, nos unimos", acrescentou.

Os líderes da União Europeia Ursula von der Leyen e Charles Michel comemoraram uma votação "histórica" na Dinamarca nesta quarta-feira.

"Saúdo a forte mensagem de compromisso com nossa segurança comum enviada pelo povo dinamarquês", disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em um tuíte.

Estou "convencida de que a Dinamarca e a UE se beneficiarão com esta decisão", acrescentou.

"O povo da Dinamarca fez uma escolha histórica", declarou o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, por sua vez.

"Tudo indica que depois de 30 anos, os dinamarqueses decidiram hoje" mudar de posição na defesa e "trabalhar mais de perto com a Europa", disse o líder do partido conservador da oposição, Soren Pape, após a divulgação das primeiras pesquisas.

A Dinamarca permaneceu à margem da política de defesa europeia por 30 anos, e essa mudança é mais uma consequência da invasão russa da Ucrânia.

O "Sim" era o favorito entre os 4,3 milhões de dinamarqueses chamados às urnas.

As assembleias de voto abriram às 08h00, horário local, e fecharam às 20h00.

"A história está mudando e isso nos afeta aqui na Dinamarca, e é claro que temos que reagir a isso", disse à AFP Mads Adam, estudante de ciência política de 24 anos.

"Acho que hoje esse tipo de votação é ainda mais importante. Em tempos de guerra, obviamente é importante dizer se você quer se juntar a esse tipo de comunidade ou não", palpita Molly Stensgaard, roteirista de 55 anos.

"Voto sim com todo meu coração", anunciou a primeira-ministra Frederiksen ao votar na cidade de Vaerlose, onde mora, nos arredores de Copenhague.

"Embora a Dinamarca seja um país fantástico, o melhor país do mundo na minha opinião, ainda somos um país pequeno, pequeno demais para ficar sozinho em um mundo muito, muito incerto", acrescentou.

Membro do bloco comunitário desde 1972, a Dinamarca disparou o primeiro tiro de canhão do euroceticismo ao rejeitar o tratado de Maastricht em 1992 com 50,7%, algo nunca visto na época.

Para acabar com esse bloqueio que ameaçava a entrada em vigor do tratado fundador de toda a União Europeia, a Dinamarca obteve uma série de cláusulas de exclusão conhecidas como "opt out" no jargão europeu e finalmente disse "sim" em uma nova votação no ano seguinte.

Desde então, a Dinamarca ficou de fora da zona do euro após um referendo em 2000, mas também da política europeia de assuntos internos e justiça (também rejeitada em um referendo em 2015) e de defesa.

Devido a esta última exceção, o país escandinavo e membro fundador da Otan não participou em nenhuma missão militar da UE.

Antes marginal, a política de defesa dos 27 ganhou importância nos últimos anos, embora a ideia de um exército europeu ainda faça chiar muitos países.

Duas semanas após a invasão da Ucrânia, a primeira-ministra dinamarquesa anunciou um acordo com a maioria dos partidos no Parlamento para submeter a exceção a um referendo, bem como investimentos militares significativos para ultrapassar o limite de 2% do PIB solicitado pela Otan.

No referendo dinamarquês, 11 partidos dos 14 com representação parlamentar fizeram campanha pelo sim, o que representa mais de 75% das cadeiras.

Apenas duas formações eurocéticas de extrema-direita, O Partido Popular Dinamarquês (DF) e os Novos Conservadores, e um partido radical de esquerda, o Lista da União, se posicionaram contra.

Com a candidatura histórica da Suécia e da Finlândia à Otan e o referendo dinamarquês, os três países escandinavos poderão em breve participar na política de defesa europeia e na aliança transatlântica.

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Dinamarca UE conflito Rússia macroeconomia Ucrania defesa referendo Mette Frederiksen

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