Boris Johnson promete "seguir em frente" apesar de rebelião em suas bancadas

Boris Johnson prometeu nesta quarta-feira(8) "seguir em frente" com medidas para ajudar os britânicos a superar a crise, apesar da ameaça de paralisação devido a uma rebelião em sua bancada conservadora que enfraquece o primeiro-ministro já afetado por escândalos.

"Temos a menor taxa de desemprego desde 1974 e continuaremos a fazer crescer nossa economia a longo prazo", garantiu Johnson em sua primeira aparição na Câmara dos Comuns desde que sobreviveu ao voto de desconfiança interno de seu partido.

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Em um momento em que o alto custo de vida asfixia muitas famílias, ele se comprometeu a criar "postos de trabalho bem remunerados e altamente qualificados". "E falando em trabalho, vou seguir em frente com o meu", destacou diante do crescente número de deputados, da oposição mas também de sua própria bancada, que pedem sua renúncia.

Indignados pelo escândalo do "partygate", as festas celebradas em Downing Street durante os confinamentos de 2020 e 2021, os deputados de maioria conservadora ativaram na segunda-feira um procedimento que poderia destituí-lo.

Johnson se manteve no cargo ao obter a confiança de 211 de seus 359 deputados, mas os 148 que votaram contra ele mostraram que a revolta não para de crescer.

Em uma tentativa de reconquistar o terreno perdido, nesta quarta-feira ele prometeu cuidar dos problemas que mais afetam os britânicos, começando por uma possível baixa nos impostos para aliviar a crise provocada por uma inflação histórica, de 9% em ritmo anual, que impõe sacrifícios a muitos britânicos.

A sessão semanal de perguntas na Câmara dos Comuns refletiu o descontentamento entre os rebeldes, quando muitos deles não aplaudiram quando Johnson enfrentou o líder da oposição, o trabalhista Keir Starmer.

"Fingir que não não foram infringidas as regras anticovid nas festas não funcionou, fingir que a economia está no auge e que vai construir 40 hospitais também não vai funcionar", afirmou Starmer.

Se o primeiro-ministro não conseguir unir novamente seu partido, ele corre o risco de os rebeldes obstruírem as ações de seu Executivo em uma nova tentativa de afastá-lo.

As normas do partido estabelecem uma pausa de um ano antes de uma tentativa de ativar outro voto de confiança e seus dirigentes não parecem dispostos a mudá-las, apesar da pressão de alguns parlamentares.

Johnson, de 57 anos, chegou ao poder em agosto de 2019 após a demissão da também conservadora Theresa May que, apesar ganhar o voto de confiança em uma consulta sobre sua capacidade para levar o Brexit adiante, ficou enfraquecida e se viu obrigada a renunciar.

Depois, ele conquistou o maior resultado eleitoral de seu partido em 40 anos em eleições legislativas antecipadas celebradas em dezembro do mesmo ano.

Desde então, no entanto, aumentam os escândalos ao redor de Johnson: da amiga íntima a quem concedeu contratos enquanto prefeito de Londres à luxuosa reforma de sua residência oficial com o dinheiro de um doador do Partido Conservador não declarado em sua totalidade.

Conhecido por seu talento para se esquivar das crises, o primeiro-ministro tem se mantido no cargo defendendo seu trabalho, como o ativo apoio à Ucrânia, cujo presidente, Volodymyr Zelensky celebrou na segunda-feira sua vitória pelo voto de confiança.

Na ausência de um sucessor óbvio, seu carisma e liderança também o favoreceram.

Mas sua popularidade não para de cair e uma derrota conservadora nas legislativas parciais em 23 de junho em duas circunscrições inglesas podem impulsionar a rebelião.

Johnson será ainda investigado nos próximos meses por uma comissão parlamentar que deve determinar se ele mentiu de maneira deliberada quando afirmou que não sabia que estava violando normas anticovid em seu gabinete.

Segundo o código de conduta oficial, mentir ao Parlamento é motivo para renúncia.

acc/mb/jc

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