Irlanda pede ao Reino Unido que cumpra palavra sobre a Irlanda do Norte

O primeiro-ministro irlandês, Micheal Martin, pediu nesta sexta-feira (20) que o governo britânico respeite os tratados internacionais que assinou e se envolva em "negociações sérias" com a União Europeia sobre as disposições pós-Brexit na Irlanda do Norte, mergulhada numa crise política.

"Acredito em uma ordem baseada em normas internacionais onde há respeito aos tratados internacionais solenemente acordados por governos soberanos e onde não se abandone de forma arbitrária e unilateral quando convém a uma das partes", declarou Martin em entrevista coletiva após reunião em Belfast com líderes políticos daquela região britânica.

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A ameaça de Londres de agir unilateralmente para modificar o chamado "protocolo da Irlanda do Norte", assinado com Bruxelas no marco do Brexit, provocou reações iradas de Bruxelas a Washington.

Londres quer renegociar completamente o texto, enquanto a UE está disposta a fazer apenas ajustes.

Arriscando represálias comerciais dos europeus, o governo britânico ameaçou na terça-feira, após meses de discussões infrutíferas, legislar unilateralmente nas próximas semanas para reverter essas disposições.

Embora reconhecendo os "problemas legítimos" levantados pelo protocolo, Martin alertou que "a única maneira de resolver isso é por meio de negociações sérias e profissionais entre o governo do Reino Unido e a União Europeia".

O protocolo está no centro do impasse político na Irlanda do Norte.

O partido unionista DUP se recusa a participar de um executivo regional com os republicanos do Sinn Fein, que venceram as eleições de 5 de maio, enquanto forem mantidos os controles alfandegários impostos pelo protocolo entre a região e o resto do Reino Unido.

Também se recusa a nomear um presidente para o parlamento regional autônomo, bloqueando efetivamente seu funcionamento.

O DUP mantinha-se firme nesta sexta-feira: "Não retornaremos totalmente às instituições políticas até que uma ação decisiva seja tomada sobre o protocolo", declarou seu líder, Jeffrey Donaldson.

O protocolo foi assinado para proteger o mercado único europeu após o Brexit sem causar o retorno de uma fronteira física entre a Irlanda do Norte britânica e a vizinha República da Irlanda - país membro da UE - e assim preservar a paz acordada em 1998 após três décadas de sangrento conflito entre unionistas e republicanos.

Refutando as alegações da presidente da Câmara de Representantes dos EUA Nancy Pelosi, Donaldson argumentou que é o protocolo, e não a possível ação unilateral de Londres, que ameaça a paz na Irlanda do Norte.

Pelosi tuitou "profunda preocupação" com as intenções do governo britânico e alertou que o Congresso dos EUA bloquearia um acordo de livre comércio com o Reino Unido se a paz na Irlanda for ameaçada.

Os Estados Unidos foram patrocinadores do acordo de paz em 1998. Uma delegação de legisladores americanos chegou a Bruxelas para conversar com a Comissão Europeia, antes de viajar para Londres, Dublin e Belfast.

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