Fed dos EUA determina maior alta da taxa de juros em 22 anos

Autor DW Tipo Notícia

Prédio da sede do Fed, em WashingtonTaxa básica da economia americana aumentou 0,5 ponto. Objetivo é conter maior alta da inflação em 40 anos no país. Brasil, Índia e Austrália também aumentaram suas taxas nesta semana, e Reino Unido deve fazer o mesmo.O Fed (Banco Central dos Estados Unidos) decidiu nesta quarta-feira (04/05) aumentar a taxa básica de juros do país em 0,5 ponto percentual, para uma faixa de 0,75% a 1%. É o maior aumento desde 2000, e constitui uma tentativa para combater a alta nos preços. A inflação nos EUA está aumentando em um ritmo que não era registrado há 40 anos, e mais altas da taxa básica de juros são esperadas nos próximos meses. "É essencial que baixemos a inflação", disse o presidente do Fed, Jerome Powell, em uma entrevista à imprensa. Ele disse que mais aumentos de 0,5 ponto na taxa de juros estariam "sobre a mesa nas próximas reuniões", mas que um aumento de 0,75 ponto não está sendo considerado. As ações americanas subiram acentuadamente após os comentários de Powell, com o S&P 500, índice de 500 ações negociadas em bolsas de Nova York, saltando 1,7%. A atual taxa básica de juros dos EUA, de 0,75% a 1%, é a mais alta desde o início da pandemia de covid-19. Plano de vender títulos O Fed também anunciou planos de reduzir seu balanço patrimonial de 9 trilhões de dólares (R$ 44,1 trilhões) para lidar com o rápido aumento dos preços. Em outras palavras, pretende começar a vender títulos do governo e outros ativos que comprou no passado para estimular a inflação e o crescimento. Uma declaração do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) do Fed observou o impacto "altamente incerto" de fatores externos como a invasão russa da Ucrânia, que estão "criando pressão adicional para cima sobre a inflação e que provavelmente pesarão sobre a atividade econômica". "Os bloqueios relacionados à covid na China provavelmente acentuarão disrupções na cadeia de abastecimento", o que poderia também aumentar a inflação, disse o FOMC. Os bancos centrais de vários países estão aumentando os custos dos empréstimos em um esforço para amortecer o impacto da inflação. Mas também há preocupações de que tais iniciativas possam dificultar o crescimento econômico e até mesmo empurrar grandes economias para a recessão. Os preços estão subindo em um momento em que muitos países, ainda cambaleando devido à pandemia, estão enfrentando pressões adicionais devido às interrupções na cadeia de fornecimento causadas pela guerra na Ucrânia. Como outros países estão respondendo à inflação? A maioria das economias do Ocidente têm mantido suas taxas de juros em ou perto de zero, um nível baixo e mais ou menos constante desde a crise financeira de 2008. Entretanto, a pandemia e os caros mecanismos de enfrentamento adotados em grande parte do mundo já estavam aumentando a inflação e provocando discussões sobre uma mudança de rumo, mesmo antes do conflito na Ucrânia colocar pressões adicionais sobre os preços dos alimentos e dos combustíveis. O Banco Central da Índia também aumentou a taxa básica de juros na quarta-feira, apenas horas antes do anúncio do Fed. Foi sua primeira alta desde agosto de 2018. A terceira maior economia da Ásia aumentou os custos de empréstimo em 40 pontos base, para 4,40%, com efeito imediato. "Como várias tempestades caíram juntas, nossas ações de hoje são passos importantes para estabilizar o navio", disse o diretor do Banco Central da Índia, Shaktikanta Das. "As pressões inflacionárias mais alarmantes, persistentes e disseminadas estão se tornando mais agudas a cada dia que passa." Ele observou que a escassez de óleos comestíveis devido ao conflito na Ucrânia estava fazendo com que os preços dos alimentos na Índia subissem rapidamente. A Índia é o maior importador mundial de óleos comestíveis, incluindo óleo de palma e de soja. Na terça-feira, o Banco Central da Austrália anunciou um aumento maior do que o esperado de 25 pontos base, elevando a taxa de juros básica para 0,35%, no primeiro aumento em mais de uma década. O Banco da Inglaterra também deve aumentar nesta quinta-feira a taxa de juros básica pela quarta vez consecutiva, de 0,75% para 1%. O Banco Central Europeu, por sua vez, tem resistido até agora a tal movimento. O vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, disse em uma entrevista publicada no fim de semana que o Conselho do Banco Central Europeu não havia discutido "nenhum caminho predeterminado para o aumento das taxas". O Brasil está em um ciclo de aumentos da sua taxa básica de juros, a Selic, há um ano, desde maio de 2021. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira elevar a taxa Selic de 11,75% para 12,75% ao ano, alta de 1 ponto percentual. A taxa de juros básica da economia está no seu nível mais alto desde fevereiro de 2017. O atual ciclo de alta da Selic é o maior desde 1999, quando o Banco Central aumentou a taxa em 20 pontos percentuais durante a crise cambial. A meta de inflação para o Brasil em 2022 é de 2% a 5%, mas operadores do mercado e o próprio Banco Central estimam que os preços subam cerca de 8% neste ano. bl (AFP, Reuters, AP)

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