EUA esfriam otimismo europeu em negociações sobre programa nuclear iraniano

Os Estados Unidos jogaram nesta sexta-feira (13) um balde d'água fria no otimismo da União Europeia em relação às negociações para reativar o acordo sobre o programa nuclear iraniano, garantindo que um compromisso da República Islâmica está "longe de ser certo".

"As negociações estavam em ponto morto e foram reabertas", declarou o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, em Wangels, norte da Alemanha, onde participa de uma reunião de ministros das Relações Exteriores do G7.

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"Existe a possibilidade de chegarmos a um acordo final", acrescentou.

No entanto, Washington manifestou disposição "para todos os cenários", segundo o porta-voz da diplomacia americana, Ned Price.

Há um ano, o Irã participa de negociações diretas com as grandes potências para a retomada do acordo concluído em 2015 sobre seu programa nuclear, mas as discussões estagnaram em março. O objetivo das conversas é convencer o governo americano a se reintegrar ao pacto, do qual se retirou em 2018.

O acordo propõe o levantamento das sanções contra o Irã e a garantia de que Teerã respeite plenamente seus compromissos em matéria nuclear.

No final de março, o coordenador da UE para as negociações sobre o programa nuclear iraniano, Enrique Mora, viajou a Teerã e Washington, mas suas gestões não levaram a nenhum avanço.

Paralelamente a uma tentativa de mediação do emir do Catar com os altos dirigentes iranianos, Mora, mão direita de Borrell, retornou na quinta-feira ao Irã, onde se reuniu com o principal negociador iraniano, Ali Bagheri.

"Avalio esta reunião no Irã de maneira muito positiva. As negociações estavam bloqueadas há dois meses por divergências sobre a Guarda Revolucionária", explicou Borrell.

Entre os principais obstáculos, está o pedido do Irã para a retirada da Guarda Revolucionária, o Exército ideológico do país, da lista americana de "organizações terroristas estrangeiras". O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, não parece disposto a ceder a esta exigência.

Washington insiste em que esta sanção, decidida por Trump, não tem nenhuma relação com as questões nucleares portanto, não há espaço nas negociações.

Borrell, no entanto, havia prometido propor uma "caminho do meio".

"Este tipo de coisa não pode ser resolvido da noite para o dia. Digamos que as coisas estavam bloqueadas e foram desbloqueadas", acrescentou.

Um porta-voz do Departamento de Estado manifestou seu apreço pela missão do enviado europeu, Enrique Mora, mas frisou: "dito isso, neste momento, um acordo está longe de ser algo dado como certo".

"O Irã deve decidir se insistirá em pôr condições que nada têm a ver" com a questão nuclear, "ou se quer concluir um acordo rapidamente, o que, acreditamos, seria do interesse de todas as partes", comentou a mesma fonte.

"Nós e nossos parceiros estamos prontos, e estamos (prontos) há algum tempo. Agora depende do Irã", completou.

Ambos os países, sem relações diplomáticas há mais de 40 anos, se acusam mutuamente pela estagnação das negociações.

"Um acordo bom e confiável é possível, se os Estados Unidos tomarem a decisão política e cumprirem seus compromissos", tuitou o ministro iraniano das Relações Exteriores, Hossein Amirabdollahian.

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UE Irã diplomacia energia nuclear

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