Rússia intensifica ofensiva no leste da Ucrânia; mais de mil militares permanecem em siderúrgica de Mariupol

Mais de mil de militares ucranianos permanecem entrincheirados na siderúrgica Azovstal de Mariupol, cidade do sudeste da Ucrânia cercada há várias semanas pelas tropas russas, que reforçaram nas últimas horas a ofensiva no leste do país.

Após os bombardeios em Odessa (sul) na segunda-feira, que deixaram um morto e cinco feridos, o Estado-Maior ucraniano anunciou nesta terça-feira (10) que os disparos de artilharia e bombardeios aéreos russos continuam no leste do país, incluindo a fábrica de Azovstal.

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De acordo com a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, mais de mil militares continuam entrincheirados no complexo industrial, incluindo centenas de feridos. Eles permanecem no labirinto de galerias subterrâneas do complexo industrial, de construção soviética e que representa o último reduto de resistência ucraniana na cidade portuária do sul da região do Donbass.

Não há civis na siderúrgica, depois das operações de retirada da semana passada, de acordo com Vereshchuk, que explicou que o governo procura uma forma de retirar os feridos, incluindo alguns em estado grave.

No resto da bacia do Donbass, no leste, as tropas russas "continuam preparando operações ofensivas nas regiões de Liman e Severodonetsk", segundo fontes militares ucranianas.

O ministério russo da Defesa anunciou a tomada de Popasna, entre Kramatorsk e Lugansk, ao norte do Donbass, o que significa que as tropas russas e pró-Moscou conseguiram chegar à "fronteira administrativa da república popular de Lugansk" (uma república autoproclamada pelos separatistas), no local em que esta faz limite com outra região separatista e também república autoproclamada, a de Donetsk.

Desde que a Rússia iniciou a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro, mais de oito milhões de pessoas tiveram de deixar suas casas e encontrar abrigo em outros lugares do país, informou a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

A OIM, uma agência da ONU, calcula que até 3 de maio um total de 13,686 milhões de pessoas tiveram de fugir de suas casas pela ofensiva russa em seu território. Uma parte delas saiu do país e pouco mais de oito milhões se instalaram em outras regiões da Ucrânia.

Mas após mais de dois meses de guerra, a capital, Kiev, que ficou deserta no fim de fevereiro, registrou o retorno de quase dois terços dos 3,5 milhões de habitantes, informou o prefeito Vitali Klitschko.

Os ministros das Relações Exteriores da Alemanha e Holanda, Annalena Baerbock e Wopke Hoekstr, respectivamente, visitaram as proximidades de Kiev nesta terça-feira.

Baerbock se reuniu com moradores da cidade de Bucha, que fica ao noroeste de Kiev, onde as tropas russas foram acusadas de matar dezenas de civis quando ocuparam a região em março. A ministra alemã prometeu que os responsáveis pelos massacres "prestarão contas".

"Devemos isto às vítimas [...] fazer com que os criminosos prestem contas. Isto é o que vamos fazer como comunidade internacional, é a promessa que podemos e devemos fazer, aqui em Bucha", declarou.

Wopke Hoekstr tuitou fotos das ruas de Irpin, outra localidade próxima de Kiev onde o governo ucraniano acusou as forças russas de massacras civis em março.

Na segunda-feira, durante uma visita a Odessa, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, prometeu que a União Europeia (UE) apoiará Kiev "pelo tempo necessário".

Os ucranianos também podem contar com a vasta ajuda militar dos Estados Unidos, que alcança 3,8 bilhões de dólares desde o início do conflito em 24 de fevereiro.

O presidente americano Joe Biden ativou na segunda-feira um mecanismo de uma lei da Segunda Guerra Mundial para ajudar os aliados a derrotar a Alemanha nazista, com o objetivo de acelerar o envio de armas à Ucrânia.

"Estou convencido de que Putin acreditava que poderia quebrar a Otan, que acreditava que poderia quebrar a União Europeia", disse Biden em um evento de arrecadação de fundos.

A data da assinatura da medida por Biden, 9 de maio, coincidiu com o grande desfile militar na Praça Vermelha de Moscou para comemorar o 77º aniversário da vitória da Rússia sobre os nazistas.

Diante de milhares de soldados, o presidente russo Vladimir Putin voltou a justificar a ofensiva na Ucrânia, alegando que Kiev preparava um ataque contra os separatistas pró-Moscou do Donbass, queria desenvolver armamento atômico e recebia apoio da Otan.

As alegações de Moscou são rejeitadas com veemência pelos países ocidentais.

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