'Não somos nazistas': Ucrânia comemora Dia da Vitória discretamente

Ao lado de seu avô Nikolai, Lera Neliub admite que é difícil conversar com ele, um veterano da Segunda Guerra Mundial, sobre a invasão russa em andamento.

Nesta segunda-feira, no túmulo do Soldado Desconhecido em Kiev, segurou-o quando ele se inclinava para depositar flores em memória de seus amigos e companheiros do Exército soviético mortos combatendo a Alemanha nazista.

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"É difícil para ele falar sobre isso", conta, referindo-se à invasão russa pelas tropas de Vladimir Putin para "desnazificar" a Ucrânia. "É completamente estúpido o que acontece. Putin reescreve a história."

Ao mesmo tempo, em Moscou, o presidente russo proclamava, diante de milhares de soldados russos que desfilavam pela Praça Vermelha, que seu Exército combatia na Ucrânia para defender "a pátria" frente à "ameaça inaceitável" representada por seu vizinho.

Tetiana Levtchenko diz que ficou arrepiada ao ouvir as declarações de Vladimir Putin: "Não somos nazistas", afirmou, furiosa. "Este dia é uma festa para mim, uma bela festa. É o dia da vitória sobre a Alemanha nazista", acrescentou a mulher, 65.

Entre oito e 10 milhões de ucranianos, civis e militares, morreram durante a Segunda Guerra (1939-1945), segundo historiadores

- Homenagens aos últimos mortos -

Mais cedo, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, invocou os fantasmas do passado para criticar a ação russa. A Ucrânia não permitirá que a Rússia "se aproprie da vitória sobre o nazismo", declarou.

"Hoje, celebramos o dia da vitória sobre o nazismo. Estamos orgulhosos de nossos ancestrais, que, ao lado de outras nações da coalizão anti-Hitler, derrotaram o nazismo. Não deixaremos ninguém anexar essa vitória, apropriar-se dela", diz em um vídeo, no qual aparece caminhando por uma avenida do centro de Kiev.

Vladimir Putin buscou por vários meses estabelecer um laço entre a invasão da Ucrânia pela Rússia e os acontecimentos da Segunda Guerra Mundial, chamando o regime de Kiev de "neonazista".

O trabalhador Sergui Marmozin, 46, cujo avô morreu durante a Segunda Guerra Mundial, decidiu ignorar as brigas políticas, as quais afirmou que não irão impedi-lo de comemorar a data, que considera sagrada. Ao seu lado, alguns vieram homenagear os soldados mortos desde 24 de fevereiro na invasão russa.

Entre os presentes estava a professora aposentada Nina Minorova, 72. "Quero muito que essa guerra termine, porque nos causa muita tristeza", lamentou.

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