Maya, a filha de Pablo: 'uma imersão na intimidade' de Picasso

"Uma imersão na intimidade". É assim que a neta de Pablo Picasso, Diana Widmaier-Picasso, descreve à AFP a nova exposição dedicada à sua mãe, Maya, a filha mais velha do ícone da arte moderna, em exibição até o final de dezembro em Paris no museu Picasso.

"É uma verdadeira imersão na intimidade", ela insiste, misteriosamente.

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"Maya com uma boneca" (1938), "Maya com uma boneca e um cavalo" (1938), "Maya em roupa de marinheiro" (1938), "Maya com um barco" (1938), "Maya com um avental" (1938). Uma dúzia de retratos coloridos da pequena "Maya-Ruiz Picasso, filha de Pablo" abrem este mergulho "inédito" no universo filial e familiar do artista espanhol.

"É a primeira vez que esses retratos, pintados entre 1938 e 1939 e distribuídos pelo mundo, são reunidos", explica a neta do pintor, curadora da exposição juntamente com Emilia Philippot, curadora e especialista em Picasso.

Um curta-metragem apresenta ao visitante o coração de uma vida familiar zelosamente protegida por Picasso e sua paixão por sua primeira filha, nascida em 5 de setembro de 1935 de sua união com a francesa Marie-Thérèse Walter, 28 anos mais jovem que ele.

Maya é o apelido de María (de la Concepción), o nome que Picasso deu à filha em homenagem à irmã que morreu quando ele tinha 14 anos. Durante toda a vida foi "cúmplice e confidente privilegiada de seu pai, e a única que podia entrar em seu escritório" a qualquer hora do dia ou da noite.

A exposição mostra como Maya foi assistente de seu pai, aos 20 anos, no filme de Henri-Georges Clouzot com o título "O Mistério de Picasso", realizado em Nice (sudeste da França) em 1955 e que ganhou o Prêmio do Júri no Festival de Cannes um ano depois.

Desenhos, pinturas, poemas, esculturas e inúmeras fotos do artista e de sua filha testemunham essa "cumplicidade", bem como o vínculo que Picasso tinha com "sua família reconstituída, atípica para a época, mas não para ele", um "homem moderno" e "um pai carinhoso", acrescenta Diana Widmaier-Picasso.

Ela fala com certo pudor da "representação enigmática" de sua avó em várias pinturas porque "ele ainda era casado com Olga (Khokhlova) quando a conheceu. É quase um símbolo de uma união mística", diz.

Decifra os momentos-chave da criação e os "códigos" associados na obra à presença dessa "musa loira", "atlética" e com "curvas generosas associadas aos temas da lua e do sol".

Fala com o mesmo pudor das "metamorfoses" (formais) de Picasso "nestes anos cruciais após seu encontro com Dora Maar, que veio destruir o ninho familiar".

Muito atencioso com seus quatro filhos - Paulo, seu filho mais velho, nascido de sua união com Olga Khokhlova; Maya; Claude e Paloma, nascidos de sua união com Françoise Gilot - Picasso os estudava constantemente.

Na exposição também se vê uma série de desenhos feitos pelo artista por e com Maya, de 4 anos, em Royan (oeste da França), durante a guerra em 1939.

Os visitantes podem descobrir livros para colorir nos quais Picasso adicionou personagens, silhuetas de pequenos animais e um teatro de fantoches de papel cortado em tesoura, além de bonecos de madeira.

No final, são apresentadas cartas, objetos íntimos, roupas e relíquias de família muito especiais, "uma verdadeira arqueologia familiar", diz Diana Widmaier-Picasso. Revela uma faceta pouco conhecida de Picasso: sua superstição e sua relação com a morte e o mundo invisível.

"A ponto de guardar mechas de cabelo ou cortar unhas para protegê-las de pessoas maliciosas", acrescenta a jovem, que publicou um livro sobre o assunto intitulado "Picasso sorcier", escrito em parceria com o antropólogo Philippe Charlier.

ls/elc/or/meb/zm/mr

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exposición escultura Francia España pintura Pablo Picasso Henri-Georges Clouzot Françoise Gilot

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