Separatismo catalão acusa Estado espanhol de espionar seus líderes

O movimento separatista catalão acusou o Estado central espanhol, nesta segunda-feira (18), de ter espionado dezenas de seus líderes mediante um aplicativo em seus celulares, fato documentado em um relatório de um órgão canadense revelado pelos veículos The New Yorker e El País.

"Fomos maciçamente espionados de forma ilegal por meio de um programa que apenas os Estados podem ter. Políticos, advogados e ativistas, vítimas da guerra suja do Estado espanhol", denunciou o ex-presidente catalão Carles Puigdemont no Twitter.

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A revista americana The New Yorker e o jornal espanhol El País divulgaram hoje um relatório do Citizen Lab, um órgão canadense com sede na Universidade de Toronto, segundo o qual ao menos 65 separatistas catalães foram espionados pelo software Pegasus.

Quase todos os incidentes com este programa israelense, que permite ler mensagens e ativar remotamente a câmera e o microfone dos telefones, ocorreram entre 2017 e 2020.

Entre os afetados, estão o atual presidente regional catalão, Pere Aragonés (à época, vice-presidente regional), os ex-presidentes catalães Quim Torra e Artur Mas, eurodeputados, deputados do Parlamento regional catalão e membros de organizações civis separatistas, segundo o Citizen Lab.

Carles Puigdemont, que se exilou na Bélgica para fugir da Justiça após a frustrada secessão da Catalunha em outubro de 2017, não foi alvo direto do programa, ao contrário de muitas pessoas de seu entorno, como sua esposa, acrescentou o órgão canadense.

Procurado pela AFP, o governo espanhol não comentou esta informação até o momento.

Em julho de 2020, o então presidente do Parlamento catalão, Roger Torrent, denunciou ter sido espionado pelo Estado espanhol por meio do Pegasus, uma acusação rejeitada, de forma categórica, pelo Executivo do socialista Pedro Sánchez no momento dos fatos.

"O governo espanhol deve dar explicações imediatamente", exigiu Aragonés, nesta segunda no Twitter, destacando que "este software de espionagem pode ser comprado apenas pelos Estados".

Há mais de uma década, a Catalunha foi foco de um conflito entre o separatismo - que há anos controla o governo e Parlamento regionais - e o Executivo central espanhol.

O conflito teve seus momentos de pico no referendo de autodeterminação, considerado ilegal por Madri, e na subsequente declaração fracassada de independência, em outubro de 2017. Outro episódio de tensão foi o anúncio da sentença de prisão de nove líderes separatistas, em outubro de 2019, que levou a multitudinárias manifestações na Catalunha, algumas delas violentas.

A escalada se reduziu, consideravelmente, desde que o governo Sánchez lançou uma negociação com os apoiadores da independência em fevereiro de 2020 e perdoou os nove líderes da independência presos em junho de 2021.

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Catalunha política Espanha espionagem

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