Rússia ataca oeste da Ucrânia e Putin condecora brigada acusada de atrocidades

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, concedeu, nesta segunda-feira (18), um título honorário a uma brigada acusada de cometer atrocidades em Bucha, nos arredores de Kiev, enquanto a cidade de Lviv, no oeste da Ucrânia, foi alvo de ataques que deixaram ao menos sete mortos.

Putin concedeu o título honorário de "Guarda" à 64ª brigada de infantaria motorizada, louvando o "heroísmo, a tenacidade, a determinação e a coragem" de suas tropas, acusadas pela Ucrânia de "crimes de guerra" na localidade de Bucha, nos arredores da capital Kiev.

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Anteriormente, o Ministério da Defesa russo havia indicado que 16 alvos militares da Ucrânia tinham sido atacados.

Em Lviv, no oeste do país, foram registrados "cinco ataques potentes com mísseis de uma só vez sobre a infraestrutura civil", segundou escreveu no Twitter Mykhailo Podolyak, assessor do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.

O governador da região, Maksym Kozitsky, citou quatro ataques com mísseis de cruzeiro, disparados a partir do Mar Cáspio: três contra infraestruturas militares e um contra um depósito de pneus. Todos os alvos foram gravemente afetados, disse.

"No momento, temos sete mortos e 11 feridos, incluindo uma criança", afirmou o governador.

No local onde havia o depósito atacado, a cerca de 4 km do centro da cidade, jornalistas da AFP viram um edifício em chamas e uma cratera próxima de uma ferrovia.

Longe da frente de batalha e próxima da fronteira com a Polônia, Lviv se tornou um refúgio para os deslocados. Também abriga várias embaixadas de países ocidentais, transferidas de Kiev.

"Hoje, entendemos claramente que não temos nenhum lugar seguro na Ucrânia. É muito perigoso", declarou à AFP Natalia, funcionária de um banco, depois dos ataques.

Os bombardeios em Lviv ocorreram horas depois de Zelensky acusar a Rússia de querer "destruir" a região de Donbass, onde Moscou está concentrando forças para um eventual assalto.

"As tropas russas se preparam para uma ofensiva no leste de nosso país no futuro próximo. Eles querem literalmente acabar e destruir Donbass", declarou Zelensky no domingo à noite.

Em Mariupol, os últimos combatentes, entrincheirados no complexo metalúrgico de Azovstal, ignoraram o ultimato de Moscou para abandonarem o local.

"Sabotem as ordens dos ocupantes. Não cooperem com eles [...] Resistam", disse Zelensky, que chamou a situação da cidade de "desumana" e pediu novamente ao Ocidente que forneça armas pesadas a Kiev.

Mariupol virou o símbolo da feroz resistência ucraniana diante do exército russo.

"A cidade ainda não caiu", afirmou o primeiro-ministro, Denys Shmyhal.

"Ainda temos forças militares, soldados. Eles lutarão até o fim", declarou o premiê ao canal americano ABC.

Mariupol, com 440.000 habitantes antes da guerra, é um alvo-chave para Moscou e o último obstáculo para garantir seu controle na faixa marítima que vai dos territórios separatistas pró-Rússia do Donbass até a península da Crimeia, anexada pelos russos em 2014.

O Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU afirmou que mais de 100.000 civis de Mariupol estão à beira da fome, sem água ou calefação.

Em meio à disputa por Mariupol, o canal de televisão estatal russo exibiu nesta segunda-feira um vídeo de dois prisioneiros, identificados como os cidadãos britânicos Shaun Pinner e Aiden Aslin, capturados em combates na Ucrânia, que pedem ao primeiro-ministro Boris Johnson para negociar sua libertação.

Os dois pedem uma troca por Viktor Medvedchuk, rico empresário ucraniano próximo ao presidente russo Vladimir Putin que foi detido na Ucrânia.

Kiev divulgou um vídeo do empresário, no qual Medvedchuk pede para ser trocado por "defensores de Mariupol e seus moradores".

O governador de Luhansk, Serhiy Gaidai, afirmou que "esta semana será difícil" e pediu aos civis que abandonem a região, enquanto as autoridades locais afirmaram hoje que as tropas russas capturaram a cidade próxima de Kreminna.

"Houve um ataque importante à noite" em Kreminna, declarou Gaidai em sua página no Facebook.

"O exército russo já entrou com uma enorme quantidade de material bélico [...] Nossos defensores recuaram para novas posições", acrescentou.

Já em Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, os bombardeios russos voltaram a ser registrados na manhã desta segunda-feira, conforme constatou um jornalista da AFP no terreno. Pelo menos três pessoas morreram.

O ataque aconteceu um dia depois de outro que matou cinco pessoas e deixou cerca de 20 feridos nessa mesma cidade, situada a 21 quilômetros da fronteira com Rússia.

Nos arredores de Kharkiv, as forças ucranianas começaram a tomar posições ao longo do fim de semana, atrás de pequenos montes de terra e crateras, de onde monitoravam o avanço dos russos.

"Quanto mais tempo eles ficarem em um lugar, mais entrincheirados estarão, mais difícil será eliminá-los", disse à AFP um sargento que se identificou como Oreshek. "Eles têm que se retirar", acrescentou.

Mais de 4,9 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia desde 24 de fevereiro, de acordo com dados atualizados pela ONU nesta segunda-feira. Mais de 65.000 deixaram o país nas últimas 24 horas.

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