ONU pede julgamento de responsáveis por questionada ação militar na Colômbia

A representante da Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos pediu nesta quarta-feira (13) "julgar" os responsáveis pela operação militar que deixou 11 mortos na Colômbia, entre eles quatro supostos civis que foram apresentados como guerrilheiros mortos em combate.

"Recomendamos que sejam tomadas todas as medidas disciplinares e penais para julgar e punir os responsáveis pelo ocorrido em (a localidade de) Alto Remanso", destacou em sua conta no Twitter Juliette De Rivero, representante na Colômbia desta agência das Nações Unidas.

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Na manhã de 28 de março, um comando das Forças Armadas invadiu um casario desta cidade situada na fronteira com o Equador e o Peru no departamento (estado) de Putumayo, onde era celebrada uma feira de três dias da qual participaram centenas de moradores.

"Como resultado da operação militar e do uso da força letal em Alto Remanso (sudoeste), 11 pessoas morreram e outras cinco ficaram feridas", informou Juliette De Rivero.

O exército "teria feito uso de armas de fogo, enquanto estavam no bazar de 30 a 50 pessoas, inclusive meninos, meninas e mulheres", acrescentou.

Segundo a Defensoria do Povo do estado, o escritório da organização Human Rights Watch (HRW) e autoridades indígenas, entre os mortos poderia haver pelo menos quatro civis: um menor de idade, um governador do povo nativo kitcwhwa, um líder comunitário e sua esposa, grávida.

O governo do presidente Iván Duque (direita) e comandos militares defenderam a operação como "legítima" e asseguraram que os mortos são rebeldes dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que se afastaram do acordo de paz assinado com o Estado em 2016.

A ONU lembrou que "o uso intencional de armas letais só pode ser feito quando for estritamente inevitável e com o propósito de proteger a vida".

Também instou as autoridades a protegerem testemunhas e jornalistas, estes últimos ameaçados por suas publicações sobre o caso.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) pediu ao Estado para investigar os fatos e evitar "a estigmatização das vítimas".

A operação tocou na ferida dos "falsos positivos", como ficou conhecido o maior escândalo das forças militares da Colômbia, que descobriu que pelo menos 6.400 civis foram assassinados e apresentados como guerrilheiros mortos em combate entre 2002 e 2008.

Embora a maior parte dos guerrilheiros das Farc tenha entregue as armas em 2017, permaneceram ativas células dissidentes sem comando unificado, que somam 5.200 combatentes, a maioria novos recrutas.

lv/llu/mvv

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