Forças russas intensificam cerco a Mariupol; Zelensky denuncia 'centenas de violações'

As forças russas intensificam o cerco a Mariupol (sul) e no leste, enquanto o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, denunciou nesta terça-feira (12) "centenas de estupros" de mulheres, e inclusive meninas, cometidas por soldados russos desde o início da invasão.

"Foram registrados centenas de casos de estupro, incluindo de meninas menores de idade e crianças muito pequenas. Incluindo um bebê!", garantiu Zelensky em uma mensagem ao Parlamento lituano.

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"Só de falar dá medo", disse.

Na segunda, funcionários da ONU pediram uma investigação da violência contra as mulheres na Ucrânia e proteção para milhões de crianças deslocadas pelo conflito.

"Cada vez ouvimos falar mais de estupros e violência sexual", declarou Sima Bahous, diretora da agência da ONU para a mulher.

Zelensky denunciou que continuam surgindo "milhares e milhares de vítimas. Centenas de casos de tortura. Continuamos encontrando cadáveres em esgotos e porões".

Já o presidente russo, Vladimir Putin, qualificou nesta terça-feira como "informação falsa" as dezenas de corpos de civis encontrados na cidade de Bucha, perto de Kiev, mortes que as autoridades ucranianas e os países ocidentais atribuem às forças russas.

Em visita a Vostochny, no Extremo Oriente russo, Putin comparou estas acusações às feitas contra o regime de Bashar al-Assad na Síria pelo suposto uso de armas químicas e afirmou: "temos a mesma informação falsa sobre Bucha".

O presidente russo, que se reuniu nesta terça-feita com seu colega bielorrusso, Alexander Lukashenko, também afirmou que a ofensiva contra a Ucrânia vai continuar, "de forma harmoniosa, com calma", até "cumprir os objetivos estabelecidos minimizando as perdas".

Sobre o avanço das negociações para por fim ao conflito, Putin considerou que a "falta de coerência" dos negociadores ucranianos impede um acordo.

Para Kiev, ao contrário, as conversações com Moscou são "extremamente difíceis", porque a parte russa se "agarra a suas táticas tradicionais de pressão pública", afirmou o assessor presidencial ucraniano Mikhailo Podoliak.

A situação humanitária é dramática em Mariupol, cercada há mais de 40 dias pelo exército russo e destruída em grande parte.

A conquista da cidade do sudeste da Ucrânia permitiria aos russos consolidar suas conquistas territoriais na faixa costeira do Mar de Azov, ligando assim as regiões do Donbass com a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.

Mas as forças ucranianas "continuam defendendo Mariupol", afirmou na segunda-feira o exército do país, que destacou em um comunicado seguir em contato com as unidades que "mantêm heroicamente l cidade".

O presidente ucraniano voltou a pedir aos aliados estrangeiros que enviem mais armas para resistir às tropas russas.

Zelensky também disse que leva a sério as ameaças russas de usar armas químicas em Mariupol, em referência às declarações de Eduard Basurin, porta-voz da autoproclamada República de Donetsk (DNR), que mencionou o possível uso de substâncias para expulsar os soldados ucranianos que defendem a fábrica de Azovstal, o principal complexo industrial de Mariupol.

O regimento ucraniano Azov afirmou que um drone russo jogou uma "substância tóxica" contra soldados e civis.

Basurin declarou, no entanto, à agência Interfax que "as forças da DNR não utilizaram armas químicas em Mariupol".

"Informações sobre o ataque químico não foram confirmadas até o momento", declarou Petro Andriushchenko, assessor do prefeito de Mariupol.

O governo dos Estados Unidos também indicou que não pode confirmar a informação.

A vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Ganna Maliar, disse que "há suposições de que provavelmente eram munições de fósforo, mas as conclusões oficiais virão mais tarde".

No leste, na fronteira com a Rússia, a Ucrânia espera uma grande ofensiva, depois que Moscou anunciou que a conquista total do Donbass é seu objetivo prioritário.

"Segundo a informação que temos, o inimigo praticamente completou os preparativos para um ataque no leste. O ataque acontecerá em breve", advertiu o porta-voz do ministério da Defesa ucraniano, Oleksander Motuzianik.

Em Washington, um alto funcionário do Pentágono confirmou que as forças russas se concentram ao redor do Donbass, perto da cidade de Izum.

O exército ucraniano afirmou que espera ofensivas russas contra cidades como Popasna e Kurakhove para "assumir o controle de toda área de Donetsk", uma das duas províncias do Donbass, uma zona que ucranianos e separatistas pró-Rússia disputam desde 2014.

"A batalha pelas regiões de Donetsk e Lugansk é um momento crucial da guerra", declarou Andriy Yermak, chefe de gabinete do presidente Zelensky.

A Procuradoria-Geral ucraniana anunciou nesta terça-feira a descoberta de seis cadáveres de pessoas mortas a tiros em um porão no subúrbio leste de Kiev, em uma área que foi ocupada pelas tropas russas.

A procuradora Iryna Venediktova anunciou que o país abriu 5.600 investigações sobre supostos crimes de guerra desde o início da invasão russa.

Os civis continuam fugindo das regiões de Lugansk e Donetsk, de onde seis trens de retirada devem partir nesta terça-feira.

Em uma visita a Vostochny, no extremo leste da Rússia, o presidente Vladimir Putin elogiou a luta "corajosa, profissional e eficaz" dos soldados russos que "participam na operação militar especial no Donbass".

Também afirmou que a ofensiva era necessária e inevitável para "garantir a segurança da Rússia" ante uma Ucrânia que "começou a se transformar em um reduto antirrusso, a cultivar o nacionalismo, o neonazismo".

Analistas acreditam que Putin, que enfrenta a intensa resistência ucraniana, quer assegurar uma vitória na região antes do desfile militar de 9 de maio na Praça Vermelha para celebrar a vitória soviética sobre os nazistas.

"A batalha pelo Donbass vai durar vários dias e durante estes dias nossas cidades podem ser completamente destruídas", disse Sergii Gaidai, o governador ucraniano de região de Lugansk, que pediu aos civis que abandonem a área.

Mais de 4,6 milhões de refugiados ucranianos fugiram do país desde que Vladimir Putin ordenou a invasão em 24 de fevereiro, segundo o Acnur, agência da ONU para os refugiados.

Mais de 870.000 ucranianos retornaram a suas casas desde o início da guerra, entre eles mulheres e crianças, segundo dados divulgados nesta terça-feira por guardas de fronteira ucranianos.

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