UE busca manter unidade em discussão de novas sanções contra a Rússia

Os ministros das Relações Exteriores da União Europeia (UE) iniciaram, nesta segunda-feira (11), as discussões para um sexto pacote de sanções contra a Rússia, embora seja cada vez mais difícil se chegar a um consenso.

"Continuamos as discussões sobre as sanções. Mas nenhuma decisão foi adotada hoje", disse em Luxemburgo o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, ao final de uma reunião de chanceleres.

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Em relação à Ucrânia, a prioridade agora é a ajuda militar, acrescentou.

"Os ucranianos estão com medo de uma grande ofensiva [russa] na região do Donbass. Estão se preparando e nós os estamos ajudando, isso não é segredo", disse ele.

Assim, os chanceleres dos países da UE autorizaram um pacote de 500 milhões de euros (cerca de 540 milhões de dólares) para financiar e entregar equipamentos de guerra à Ucrânia, numa decisão que ainda deve ser ratificada por um pequeno grupo de países.

Este pacote se soma aos 1 bilhão de euros já desbloqueados pela UE para a compra de armas e equipamentos para as forças ucranianas.

"Se não for suficiente, colocaremos mais. No momento temos esses recursos", garantiu Borrell.

A reunião de chanceleres europeus concentrou-se, porém, nas novas sanções contra a Rússia e na tentativa de chegar a um consenso sobre a possibilidade de bloquear as importações de gás.

Neste contexto, o ministro das Relações Exteriores de Luxemburgo, Jean Asselborn, estimou que o presidente russo, Vladimir Putin, "não vai parar, mesmo se pararmos de comprar gás russo".

Os diplomatas europeus também discutiram maneiras de combater o que chamam de propaganda russa. Borrell citou como exemplo a insistência da Rússia em responsabilizar as sanções europeias pela escassez de grãos e cereais.

"Os russos são responsáveis pela fome no mundo. Ao bloquear as exportações de trigo [da Ucrânia], ao bombardear portos, ao destruir as reservas ucranianas" de grãos, denunciou.

Assim, vários ministros europeus defenderam uma "abordagem maximalista" em relação à Rússia, incluindo a cessação das compras de petróleo e gás.

No entanto, altos funcionários - como o dinamarquês Jeppe Kofod e o holandês Wopke Hoekstra - insistiram na necessidade de "manter o consenso sobre as sanções" e proteger "a unidade dentro da União Europeia" (UE).

Os cinco pacotes de sanções até agora adotados pela UE foram decididos por unanimidade pelos 27 membros do bloco, mas o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, resiste a medidas que vão além do que já foi aprovado.

"Sabemos que é muito difícil para alguns Estados-membros", reconheceu o ministro das Relações Exteriores da Irlanda, Simon Coveney. Já a alemã Annalena Baerbock defendeu a ideia de uma consulta para facilitar a adoção destas sanções.

Cerca de 55% do gás usado na Alemanha vem da Rússia, e Áustria, Itália e Hungria também são altamente dependentes do gás russo.

Outros ministros, por outro lado, não escondem seu descontentamento com a resistência à ideia de adotar sanções mais duras.

"O que precisa acontecer para a UE decidir sobre um embargo de petróleo, gás e outras commodities?", perguntou o ministro tcheco, Jan Lipavsky, defensor de sanções mais rigorosas.

Por sua vez, o ministro lituano, Gabrielius Landsbergis, salientou que é necessário "ir a Bucha para perceber porque é que temos de impor sanções".

Bucha, uma cidade perto de Kiev onde cerca de 300 pessoas foram enterradas em valas comuns, tornou-se um símbolo das atrocidades da guerra na Ucrânia.

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UE conflito Rusia diplomacia Ucrania

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