OMC alerta que guerra na Ucrânia pode cortar pela metade crescimento do comércio mundial

A guerra na Ucrânia pode apagar metade do crescimento do comércio mundial esperado para 2022 e, no longo prazo, levar a uma "desintegração da economia mundial", alertou a Organização Mundial do Comércio nesta segunda-feira (11).

A OMC deveria anunciar na terça-feira sua previsão anual para o comércio mundial de mercadorias, mas finalmente publicou uma análise inicial do impacto da crise na Ucrânia esta noite, mantendo a coletiva de imprensa para amanhã com sua diretora-geral, Ngozi Okonjo-Iweala.

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

Segundo este primeiro estudo, a crise deve reduzir o crescimento do PIB mundial para um patamar entre 3,1% e 3,7% este ano, enquanto o do comércio mundial deve ficar entre 2,4% e 3%. Em outubro, a OMC esperava um aumento de 4,7%.

A guerra na Ucrânia não apenas criou uma crise humanitária de imensas proporções, mas também abalou severamente a economia mundial.

Desde a invasão russa em 24 de fevereiro, toneladas de grãos permanecem bloqueados nos portos ucranianos como Mariupol, cidade bombardeada e sitiada pelo exército russo por sua posição estratégica.

De acordo com a análise realizada pelo Secretariado da OMC, "a maior parte do sofrimento e da destruição é sentida pelo povo da Ucrânia, mas os custos, em termos de comércio e produção reduzidos, provavelmente serão sentidos por pessoas de todo o mundo devido ao aumento dos preços dos alimentos e da energia, e a disponibilidade reduzida de bens exportados da Rússia e da Ucrânia".

Embora as participações da Rússia e da Ucrânia no total da produção e comércio mundiais sejam relativamente pequenas, ambos os países são importantes fornecedores de commodities essenciais, incluindo alimentos e energia.

Segundo a OMC, os dois países distribuíram em 2019 cerca de 25% do trigo mundial, 15% da cevada e 45% do óleo de girassol. A Rússia sozinha responde por 9,4% do comércio mundial de combustíveis, uma parcela que sobe para 20% em relação ao gás natural.

Moscou e Kiev também são "fornecedores-chave de insumos nas cadeias de valor industrial", diz a OMC em seu relatório.

A Rússia é um dos principais fornecedores mundiais de paládio e ródio, usados na indústria automotiva, respondendo por 26% da demanda global de importação de paládio em 2019. Já a produção de semicondutores depende em grande medida do néon que é fornecido pela Ucrânia.

A Europa, principal destino das exportações russas e ucranianas, deve sofrer o maior impacto econômico, segundo a OMC.

Mas a redução das exportações de cereais e outros alimentos fará subir os preços dos produtos agrícolas, com consequências negativas para a segurança alimentar das regiões mais pobres.

A África e o Oriente Médio são as regiões mais vulneráveis de acordo com a OMC, pois importam mais de 50% de suas necessidades de grãos da Ucrânia e da Rússia.

Além disso, alerta a OMC, "um dos riscos de longo prazo é que a guerra possa desencadear uma desintegração da economia global em blocos distintos", que seriam organizados de acordo com considerações geopolíticas.

Esse chamado cenário de "dissociação" seria "muito caro para a economia global, especialmente para as regiões menos desenvolvidas".

Globalmente, pode reduzir o PIB em cerca de 5% no longo prazo, afetando principalmente os países emergentes, segundo o relatório, que observa que a queda pode ser ainda maior.

apo/rjm/lum/mr

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

conflito OMC Ukraine comercio economia Russie Ngozi Okonjo-Iweala

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar