Protestos pela alta dos preços no Peru deixam um morto e 15 feridos

Um confronto entre policiais e manifestantes que bloqueavam uma rodovia no sul do Peru deixou um morto e 15 feridos, enquanto Lima voltava à normalidade após um toque de recolher decretado pelo presidente Pedro Castillo para conter os protestos pela alta dos preços.

Um trabalhador agrícola que participava do bloqueio da rodovia Pan-Americana na região de Ica, 300 quilômetros ao sul da capital, morreu pela manhã durante um confronto com policiais.

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"Atendemos 15 feridos, um deles em estado grave. Um civil estava morto quando chegou, por causa do conflito", disse o diretor do hospital da cidade de Ica, Carlos Navae, em um vídeo publicado na página do hospital no Facebook.

Segundo o médico, os feridos que chegaram ao hospital são 12 policiais e três manifestantes.

Os confrontos ocorreram quando um destacamento da polícia tentou expulsar dezenas de trabalhadores agrícolas que estavam bloqueando a rodovia Pan-Americana, região conhecida por seus cultivos e onde há muitas empresas do agronegócio.

A tensão vem crescendo no Peru desde segunda-feira, quando houve protestos em Lima, Ica e várias regiões do país contra o aumento dos preços dos combustíveis e alimentos, o que levou o presidente esquerdista Pedro Castillo a impor um toque de recolher de surpresa e que foi repudiado por vários setores da população.

O presidente acabou suspendendo o toque de recolher no meio da tarde da terça-feira, após uma reunião com os líderes da oposição que dominam o Congresso, enquanto no centro de Lima ocorreram confrontos entre manifestantes e policiais e depredação de prédios públicos e lojas.

Grupos de manifestantes apedrejaram a sede nacional do Ministério Público e entraram no Palácio da Justiça, onde roubaram computadores e outros equipamentos, segundo as autoridades. Também causaram danos a várias lojas e a um escritório de uma adminstradora privada de aposentadoria.

Nesses distúrbios, 18 manifestantes foram presos. "Os sujeitos serão denunciados pelo crime contra a tranquilidade pública", disse a polícia.

O fim antecipado do toque de recolher foi recebido com aplausos por centenas de manifestantes reunidos perto do Congresso e de outras partes de Lima.

A polícia identificou o manifestante morto na rodovia Pan-Americana como Jhony Quinto Contreras.

O líder dos trabalhadores agrícolas Julio Carbajal disse à rádio RPP que o morto era um trabalhador de 25 anos de Huancavelica, que trabalhava em uma empresa agrícola de Ica.

A polícia disse em nota que aguarda o MP determinar as causas da morte e acrescentou que um de seus agentes foi detido pelos manifestantes na rodovia, mas depois saiu ileso.

Por sua vez, o ministério do Interior anunciou que seu titular Alfonso Chávarry "supervisionará e reforçará o trabalho dos policiais em Ica para restabelecer a ordem pública".

As tensões nas ruas ocorrem uma semana depois que Castillo se salvou de ser destituído pelo Congresso, onde os opositores radicais o acusam de "falta de direção" e permitir a corrupção em seu entorno.

Mas as moções de "vacância presidencial" não são novidade no Peru.

Nos últimos quatro anos, parlamentares peruanos apresentaram seis moções de vacância, que levaram à queda dos presidentes Pedro Pablo Kuczynski (direita) em 2018 e Martín Vizcarra (centro) em 2020.

Os embates entre o Legislativo e o Executivo começaram em 2016 e levaram o Peru a ter três presidentes em cinco dias, em novembro de 2020.

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