Manifestação na Guatemala contra possível reeleição de procuradora-geral sancionada pelos EUA

Dezenas de pessoas se manifestaram nesta quarta-feira (6) contra a intenção da procuradora-geral da Guatemala, Consuelo Porras, de se reeleger para o cargo, apesar das alegações de que ela comanda uma perseguição contra operadores de justiça independentes e de ter sido sancionada pelos Estados Unidos.

"Viemos rejeitar a possível reeleição de Consuelo Porras", disse o ativista indígena Daniel Pascual a repórteres em frente ao Supremo Tribunal de Justiça, no centro da capital.

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Porras chegou ao Tribunal para ser sabatinada pela comissão que avalia os candidatos à chefia do Ministério Público para o período 2022-2026.

O líder maia acusou Porras de uma "perseguição agressiva" contra juízes e ex-promotores que lideraram processos de corrupção.

"Fora Consuelo", diziam várias faixas erguidas pelos manifestantes, que também carregavam fantoches da procuradora-geral. Também rejeitaram a participação no processo seletivo de outros candidatos considerados como "personagens sombrios".

A Comissão de Indicação, que avalia cerca de vinte candidatos ao cargo de procurador-geral, definirá uma lista de seis nomes em 18 de abril. A decisão final caberá ao presidente Alejandro Giammattei.

Porras foi sancionada por Washington em setembro passado, ao acusá-la de interferir na investigação de atos de corrupção. Ela teve sua entrada em território norte-americano proibida.

A sanção ocorreu após Porras destituir em julho Juan Francisco Sandoval, então chefe da Promotoria Especial Contra a Impunidade (FECI), que fugiu para os Estados Unidos temendo por sua vida, caminho que outros ex-funcionários dessa instância seguiram.

Sandoval, descrito como um "campeão anticorrupção" pelos Estados Unidos, disse que foi solicitado a não investigar o presidente Giammattei sem o consentimento da procuradora-geral Porras.

Recentemente, a comunidade internacional mais uma vez mostrou seu repúdio às ações do Ministério Público de Porras após a prisão em fevereiro de cinco membros da FECI e de um representante da extinta Comissão Internacional das Nações Unidas Contra a Impunidade na Guatemala (CICIG), que funcionou entre 2007 e 2019.

Aqueles que lideraram as equipes locais de investigação antimáfia, incluindo Sandoval, consideraram que as prisões se devem a uma "vingança" contra os operadores da justiça que enfrentaram a corrupção, uma afirmação rejeitada pela equipe de Porras.

"Os Estados Unidos estão profundamente preocupados com os ataques contínuos e descarados de Porras" ao sistema judicial "através de prisões e detenções politicamente motivadas de atuais e ex-funcionários públicos que combatem a corrupção", afirmou Ned Price, porta-voz do Departamento de Justiça americano, em comunicado divulgado no início de março.

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