Zelensky discursa no Conselho de Segurança da ONU após visitar Bucha

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky discursará nesta terça-feira (5) no Conselho de Segurança da ONU, um dia depois de visitar a cidade de Bucha, nas proximidades de Kiev, onde denunciou um massacre de civis que atribuiu às tropas russas.

O governo ucraniano não informou se ele participará ao vivo ou com uma mensagem gravada. Zelensky aproveitará sua primeira intervenção no organismo para solicitar mais sanções contra Moscou e mais apoio a seu país.

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O presidente ucraniano acusou a Rússia de "crimes de guerra" e "genocídio" em Bucha e outras localidades nos arredores de Kiev, onde dezenas de cadáveres com trajes civis foram encontrados nas ruas.

"Vocês estão aqui hoje e veem o que aconteceu. Sabemos que milhares de pessoas foram assassinadas e torturadas com os membros decepados, as mulheres estupradas, as crianças assassinadas", disse, com um colete à prova de balas ao visitar na segunda-feira o pequeno município a 30 quilômetros de Kiev.

De acordo com Zelensky, 300 pessoas, "apenas em Bucha, foram assassinadas ou torturadas".

A Rússia negou qualquer responsabilidade e afirmou que divulgará "documentos" sobre a "verdadeira natureza" do que aconteceu em Bucha.

O porta-voz do ministério russo da Defesa, Igor Konashenkov, acusou nesta terça-feira a Ucrânia de preparar "encenações" de civis supostamente assassinados" em Moshchun, perto de Bucha, e de organizar ações similares em Sumy e Konotop, ao noroeste.

Imagens de satélite divulgadas na segunda-feira pela empresa americana Maxar Technologies parecem desmentir as afirmações russas de que os cadáveres com trajes civis foram colocados nas ruas após a saída das tropas.

"As imagens de alta resolução (...) corroboram vídeos e fotografias recentes das redes sociais revelando a presença de corpos espalhados nas ruas e abandonados há semanas", afirmou a empresas.

"Todos os sinais apontam para o fato de que as vítimas foram alvos deliberados e assassinadas diretamente. E estas evidências são muito preocupantes", declarou Elizabeth Throssell, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu um julgamento por crimes de guerra e reiterou que o presidente russo Vladimir Putin é um "criminoso de guerra". "Tem que prestar contas", afirmou.

O Tribunal Penal Internacional investiga desde 3 de março uma denúncia de supostos crimes de guera no conflito e a União Europeia anunciou na segunda-feira a criação de uma equipe conjunta com a Ucrânia para reunir provas neste sentido.

A justiça da França anunciou a abertura de três novas investigações por supostos "crimes de guerra" na Ucrânia.

Após as acusações de supostos massacres de civis, os aliados ocidentais de Kiev prometeram adotar novas sanções esta semana contra a Rússia.

E isto deve envolver um debate sobre a delicada questão do setor energético russo, uma das principais fontes de financiamento da invasão e também uma arma de pressão contra a União Europeia, que depende de seu fornecimento.

A Casa Branca admitiu conversas com os parceiros sobre o tema e o comissário de Comércio da UE, Valdis Dombrovskis, afirmou que os ministros das Finanças do bloco discutirão em uma reunião em Luxemburgo sanções sobre as importações de carvão e petróleo.

A Polônia e os países bálticos pressionam para obter uma posição mais severa da Europa, mas outras nações, como Alemanha e Áustria, são mais reservadas devido ao custo que as medidas podem provocar para suas economias, muito dependentes dos combustíveis russos.

Itália, Espanha e Dinamarca anunciaram a expulsão de 30, 25 e 15 diplomatas russos, respectivamente, seguindo anúncios similares de segunda-feira da França (35) e Alemanha (40). A Lituânia expulsou inclusive o embaixador russo.

O Kremlin criticou a "falta de visão" da Europa após a expulsão dos quase 150 diplomatas em dois dias e afirmou que medidas de represália devem ser adotadas.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, viajarão esta semana a Kiev para uma reunião com Zelensky.

A Ucrânia e os países ocidentais desconfiam do recuo das tropas russas e afirmam que seria, na verdade, uma reorganização para "concentrar a ofensiva no leste e em partes do sul da Ucrânia", nas palavras do conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan.

O governador ucraniano de Lugansk, Serguei Gaidai, alertou que suas forças se preparam para um "ataque em larga escala" na área que, ao lado de Donetsk, integra a região de Donbass, cenário desde 2014 de uma guerra entre as forças de Kiev e separatistas pró-Rússia.

Antecipando um novo ataque, toda a zona leal ao governo foi esvaziada de civis. Centenas de mulheres, crianças e idosos aguardam desde o fim de semana pelos trens para deixar a estação de Kramatorsk, a capital regional de fato desde 2014 da área controlada por Kiev.

A cidade registrou na madrugada de terça-feira bombardeios que destruíram uma escola no centro da cidade, ao lado da sede da polícia.

Uma cratera com mais de 10 metros de diâmetro era visível no que era o pátio da escola. Os moradores do bairro afirmaram que o ataque não provocou vítimas porque o colégio estava vazio.

Nesta região do leste da Ucrânia, uma das cidades mais afetadas é Mariupol, cercada desde o fim de fevereiro pelas tropas russas.

Nos arredores do porto no Mar de Azov, uma equipe do Comitê Internacional da Cruz Vermelha foi detida na segunda-feira e liberada durante a noite, segundo a instituição.

Outras partes do país, começando por Kiev, permanecem em alerta para o perigo de ataques aéreos e disparos de mísseis, apesar da retirada das forças invasoras. Durante a madrugada, as sirenes de alarme foram acionadas na capital e em outras grandes cidades como Odessa (sul) ou Kharkiv (nordeste).

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