Blinken busca consolidar acordos de segurança regional no Marrocos

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, chegou nesta terça-feira (29) ao Marrocos para consolidar uma associação estratégica na região que vive um clima de tensões, depois de ter comparecido a uma cúpula histórica em Israel com países árabes.

Blinken foi recebido durante a manhã pelo chanceler marroquino Nasser Bourita, que também esteve na segunda-feira na reunião em Israel entre o americano e os ministros dos Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egito.

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O secretário de Estado Blinken também se reunirá com o primeiro-ministro marroquino Aziz Akhannou e com o príncipe herdeiro de Abu Dhabi e o governante dos Emirados Árabes Unidos, Mohamed bin Zayed Al Nahyan, cujas relações com os Estados Unidos, um aliado tradicional, estão sendo testadas após uma série de divergências.

Assim como Israel, os Emirados e Marrocos têm uma frente comum contra o Irã. Os Estados Unidos querem reativar o acordo nuclear de 2015 com Teerã, o que teoricamente deveria impedir o país de desenvolver a bomba atômica em troca da suspensão das sanções internacionais.

Além disso, os Emirados fazem parte de uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita que ajuda desde 2015 o governo do Iêmen, em guerra com os rebeldes houthis, apoiados pelo Irã.

O chefe da diplomacia americana concluirá na quarta-feira sua viagem regional com uma visita à Argélia, país que enfrenta Marrocos e é aliado da Rússia.

Após se reunir em Israel com seus aliados árabes, o secretário de Estado americano busca em Marrocos consolidar os acordos de segurança regional, em um clima de tensão no Magrebe e no Golfo.

Durante a viagem, as discussões se concentrarão na segurança bilateral e regional, no combate aos atentados no Sahel, nos direitos humanos e também no impacto econômico do conflito da Ucrânia, como o risco de escassez de trigo, informaram funcionários americanos.

"Sabemos que essa calamidade foi duramente sentida no Oriente Médio e no norte da África, onde a maior parte dos países importa ao menos metade do trigo", explicou antes da visita Yael Lempert, uma alta diplomata americana encarregada dos assuntos do Oriente Médio.

Em Rabat, espera-se que a questão do território disputado do Saara Ocidental, uma prioridade para a diplomacia marroquina, ocupe um lugar de destaque na agenda.

"Mais uma vez, a causa nacional, após o reconhecimento por parte dos Estados Unidos do 'caráter marroquino' do Saara [em dezembro de 2020], dominará esta visita", destacou o historiador marroquino Moussaoui Ajlaoui em entrevista ao site de notícias Le360.

Em um comunicado, o Departamento de Estado reiterou o apoio dos Estados Unidos ao plano de autonomia - "sério, credível e realista" - apresentado por Marrocos para solucionar o "conflito" de décadas entre Rabat e os separatistas saharauis apoiados por Argel.

Ao mesmo tempo, Washington afirmou ao enviado pessoal do secretário-geral da ONU, Staffan de Mistura, seu apoio para relançar o "processo político" sob mediação da ONU.

O Departamento de Estado também elogiou uma "associação estratégica baseada em interesses comuns para a paz, a segurança e a prosperidade" na região.

Quanto à guerra na Ucrânia, Marrocos não participou das duas votações da Assembleia Geral da ONU que condenaram a invasão russa, abstendo-se assim de se posicionar no conflito.

Em Argel, Blinken continuará suas negociações sobre a cooperação em segurança - particularmente no Sahel - e abordará a guerra na Ucrânia.

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