Rússia e Ucrânia anunciam novas conversas e Macron alerta contra 'escalada'

Negociadores ucranianos e russos farão uma nova rodada de conversas cara a cara na próxima semana - anunciou Kiev, neste domingo (27), em uma nova tentativa de pôr fim à invasão da Ucrânia por parte da Rússia.

Segundo a ONU, pelo menos 1.100 civis morreram no conflito deflagrado em 24 de fevereiro.

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A parte ucraniana disse que as negociações começam nesta segunda-feira na Turquia, enquanto o principal negociador da Rússia estabeleceu a retomada do diálogo para terça-feira, sem confirmar o local.

Nos últimos dias, aumentaram os temores de um agravamento dos combates, especialmente depois que o presidente americano, Joe Biden, em visita à Polônia, descreveu Vladimir Putin como um "açougueiro" e defendeu que "ele não pode permanecer no poder".

Embora a Casa Branca tenha, imediatamente, tentado suavizar suas palavras, esclarecendo que Washington não busca uma mudança de regime, o Kremlin reagiu duramente. Segundo seu porta-voz, Dmitri Peskov, os ataques pessoais estão "reduzindo a janela de oportunidade" para as relações bilaterais.

As rodadas de esforços diplomáticos e as sanções esmagadoras impostas pelos aliados ocidentais foram insuficientes, até agora, para conseguir fazer Putin parar sua guerra, à qual o papa Francisco se referiu como "cruel e sem sentido".

O presidente francês, Emmanuel Macron, alertou neste domingo contra uma "escalada de palavras, ou de ações", na Ucrânia, uma abordagem que pode dificultar o fim da guerra.

O Exército russo, que estaria, segundo analistas ocidentais, atolado em problemas táticos, de comunicação e logísticos, sugeriu na última sexta-feira que se concentraria na região leste da Ucrânia a partir de agora.

O chefe da Inteligência ucraniana, Kyrylo Budanov, acredita que Putin possa estar considerando um cenário "coreano" para o país, buscando "impor uma linha de separação entre as regiões ocupadas e as não ocupadas do nosso país".

"Depois de não conseguir capturar Kiev e de derrubar o governo da Ucrânia, Putin está mudando suas principais diretrizes operacionais", escreveu Budanov no Facebook, referindo-se a "uma tentativa de estabelecer (um modelo como) a Coreia do Sul e a Coreia do Norte na Ucrânia".

Hoje, Moscou mantém o controle, de facto, sobre as autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk na região leste de Donbass.

Neste domingo, o líder da região separatista ucraniana de Lugansk disse que poderá organizar um referendo para decidir se o território passará a fazer parte da Rússia. A proposta foi imediatamente criticada por Kiev como uma tentativa, por parte de Moscou, de minar a soberania e a integridade territorial do país.

Enquanto isso, as tropas russas continuam a bombardear a cidade portuária de Mariupol. Controlá-la permitiria a Moscou conectar suas forças na península ocupada da Crimeia com as tropas separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia.

E, neste domingo, novos corredores humanitários foram abertos para permitir a retirada de civis deste estratégico porto às margens do Mar de Azov, onde mais de 2.000 civis já morreram, segundo a prefeitura.

Já as tentativas de estabelecer rotas seguras para a fuga de cerca de 170.000 civis presos na cidade fracassaram até o momento, e ambos os lados do conflito se acusam mutuamente de violar qualquer cessar-fogo temporário.

Os ataques à população e à infraestrutura civis, como hospitais, prédios residenciais e escolas, aumentaram. Em Kharkiv, onde as autoridades locais registraram 44 ataques de artilharia e 140 ataques com foguetes em um único dia, os moradores pareciam resignados com os bombardeios.

Nas últimas 24 horas, os ataques também continuaram em Irpin e em outras cidades ao redor de Kiev, disseram autoridades ucranianas.

Na cidade de Mykolaiv, no sul, que esteve sob fortes bombardeios russos por semanas, os ataques pareciam estar diminuindo, e as linhas de frente, recuando, com uma contra-ofensiva montada em Kherson, cerca de 80 quilômetros a sudeste.

"As forças aliadas repeliram sete ataques" e destruíram oito tanques nas áreas de Donetsk e Lugansk, em Donbass, informou o Estado-Maior ucraniano, em sua última atualização.

As tropas russas assumiram o controle de Slavútych, no norte da Ucrânia, onde residem os funcionários da central nuclear de Chernobyl. Segundo autoridades regionais, o prefeito foi preso, temporariamente.

O Ministério da Defesa da Ucrânia disse que suas forças também recuperaram Trostianets. Esta cidade perto da fronteira com a Rússia foi uma das primeiras a cair sob o controle de Moscou.

bur-hmn/aoc/mb/tt

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