Córsega se despede de separatista morto após agressão na prisão

Centenas de pessoas foram nesta sexta-feira (25) até Cargèse, no oeste da ilha francesa de Córsega, se despedir de Yvan Colonna, um separatista que morreu após uma agressão brutal na prisão onde cumpria pena pelo homicídio de um prefeito em 1998.

Entre a multidão reunida em silêncio em frente à igreja ou caminhando atrás do comboio funerário, foram vistas várias figuras políticas da ilha. Também esteve presente Charles Pieri, suposto ex-líder da Frente de Libertação Nacional da Córsega (FLNC), um movimento que recentemente ameaçou retomar a luta armada.

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Yvan Colonna deveria ser enterrado após uma cerimônia religiosa no pequeno cemitério da entrada de Cargèse, dedicado às "famílias Colonna", conforme indicado por uma placa de mármore cinza na entrada.

Na multidão, bem como repousando no caixão que abrigará restos mortais do separatista, estavam várias bandeiras da Córsega mas nenhuma francesa, "non grata" na despedida desta sexta-feira, como gritou um homem de cabeça rapada a um jornalista presente no evento.

Colonna, um ex-pastor, havia sido condenado três vezes à prisão perpétua e cumpria pena em um presídio em Arles, no sul da França, pelo assassinato do prefeito Claude Erignac em 1998.

Em 2 de março, foi atacado por um preso apresentado como jihadista. Ele faleceu 19 dias depois, aos 61 anos.

A agressão gerou manifestações e distúrbios durante dias nesta ilha de 350 mil habitantes, que se acalmou quando o governo francês propôs negociar uma "autonomia" para esta região.

O presidente francês, Emmanuel Macron, considerou uma "falta" que as autoridades regionais tenham baixado as bandeiras a meio pau na terça-feira (22).

Seu ministro do Interior, Gérald Darmanin, foi mais explícito, considerando a homenagem como "uma espécie de insulto à família de Erignac, ao Estado e seus representantes".

O corpo sem vida de Colonna, chegou à Córsega na noite de quarta-feira, dois dias após o anúncio de sua morte. Em vida, ele nunca realizou seu desejo de ser transferido para as prisões da ilha.

Seu caixão foi recebido por uma guarda de honra em Ajaccio, capital regional, e devia ser transferido esta manhã para Cargèse, cidade de 1.300 habitantes, para o funeral.

"Jogava futebol com meus filhos. Ele treinava meus filhos no estádio. Era como um membro da família", diz uma idosa, que pediu anonimato, e que relembrou sua surpresa quando foi preso pelo caso Erignac.

No centro da cidade, entre a tabacaria e o açougue, uma grande faixa denuncia em língua corsa um "Estado francês assassino". Este lema, "Statu Francese assassinu", é visível em vários outros locais.

Além da exigência do retorno dos prisioneiros corsos à ilha, a agressão de Colonna também trouxe à tona a questão da autonomia desta ilha, em plena campanha presidencial.

Após uma série de protestos, às vezes marcados por distúrbios, o governo enviou o ministro do Interior à Córsega, onde prometeu negociar até a "autonomia", mas sem maiores detalhes.

A situação administrativa na França da quarta maior ilha do Mediterrâneo, onde Napoleão Bonaparte nasceu em 1769, evoluiu ao longo do tempo: de fazer parte de uma região com Marselha para alcançar um status especial.

Desde janeiro de 2018, a Córsega é considerada uma coletividade territorial, combinando funções departamentais e regionais e gerenciando novos poderes como esportes, transporte, cultura e meio ambiente.

Em um país menos descentralizado que seus vizinhos Espanha, ou Alemanha, os nacionalistas corsos gostariam de ter uma maior autonomia em questões fiscais, bem como o reconhecimento do povo corso, ou o status cooficial da língua regional.

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prisioneiros França política cerimônia ataque Córsega

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