Otan fecha a porta para criação de zona de exclusão aérea na Ucrânia

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) fechou a porta nesta sexta-feira (4) para pedidos de uma zona de exclusão aérea na Ucrânia, mas aliados ocidentais alertaram que podem aplicar mais sanções se a Rússia não interromper a guerra.

O secretário-geral da aliança militar transatlântica, Jens Stoltenberg, assegurou que a Otan não terá aviões operando na Ucrânia, nem tropas em território ucraniano.

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"Os aliados concordaram que não deveríamos ter aeronaves sobre o espaço aéreo da Ucrânia, ou tropas da Otan no território da Ucrânia", disse Stoltenberg ao final de uma reunião de emergência dos ministros dos chanceleres da organização.

Na opinião de Stoltenberg, "a única maneira de implementar uma zona de exclusão aérea na Ucrânia" é enviando aviões de combate da Otan, que teriam que derrubar aviões russos que operam na Ucrânia.

"Acreditamos que se fizermos isso, vamos acabar tendo algo que pode se tornar uma guerra total na Europa, envolvendo muitos outros países e causando muito mais sofrimento humano", disse.

Por essa razão, os aliados da Otan tomaram a "dolorosa decisão" de fortalecer as sanções e o apoio à Ucrânia, mas "sem envolver diretamente as forças da Otan no conflito na Ucrânia, seja em seu território ou em seu espaço aéreo".

A aliança militar ocidental assumiu essa posição apesar dos apelos das autoridades ucranianas para que uma zona de exclusão aérea fosse implementada para proteger a população dos ataques de caças russos.

Em uma mensagem no Twitter, o chanceler ucraniano, Dmytro Kuleba, pediu aos países ocidentais que "não permitam que [Vladimir] Putin transforme a Ucrânia na Síria".

"Estamos prontos para lutar. Continuaremos lutando, mas precisamos de aliados para nos ajudar com ações concretas, decisivas e rápidas", disse.

Stoltenberg admitiu que as perspectivas imediatas na Ucrânia são preocupantes.

"Nos próximos dias, veremos as coisas piorarem, com mais mortes, mais sofrimento e mais destruição, à medida que as forças russas trazem armas pesadas e continuam seus ataques em todo o país", alertou.

Em relação ao papel da aliança ocidental, Stoltenberg disse que continuará "fazendo o que for necessário para proteger cada centímetro do território da Otan. A Otan é uma aliança defensiva".

Stoltenberg recebeu o secretário de Estado americano, Antony Blinken, na sexta-feira antes de uma reunião de emergência em que também participaram o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, e os ministros das Relações Exteriores da Finlândia e da Suécia, dois países associados.

Por sua vez, a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse em comunicado junto com Blinken que a UE está "pronta" para aplicar mais sanções à Rússia caso o presidente Vladimir Putin não pare a guerra na Ucrânia.

"Para deixar bem claro, estamos prontos para tomar novas medidas severas se Putin não parar e reverter a guerra que ele começou", disse a autoridade alemã.

Após uma reunião de chanceleres da UE, Borrell negou que o objetivo das sanções seja promover uma mudança de governo na Rússia ou a queda de Putin.

"O objetivo das sanções é enfraquecer a economia russa, fazê-la sentir o peso das consequências e fortalecer a posição dos ucranianos nas próximas negociações. Mas não tem nada a ver com a mudança de regime na Rússia", acrescentou.

A UE já adotou fortes sanções financeiras contra funcionários e bancos russos e autorizou a concessão de Proteção Temporária a cidadãos ucranianos ou residentes naquele país que entrem no espaço europeu fugindo do conflito.

Por sua parte, Blinken admitiu que a situação na Ucrânia "vai piorar ainda mais" nos próximos dias e semanas, mas garantiu que as sanções "terão impacto".

ahg/jvb/ap

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