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EUA sanciona Rússia por 'início' da invasão da Ucrânia

00:15 | Fev. 23, 2022
Autor AFP
Tipo Notícia

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou nesta terça-feira (22) uma rodada de sanções pelo "início de uma invasão da Ucrânia", mas considerou ainda ser possível evitar "o pior", apesar do Senado russo ter dado aval a Vladimir Putin para o envio de tropas ao país vizinho.

A aprovação unânime da Câmara alta, o Conselho da Federação, permite que Putin implemente "forças de paz" nas duas regiões separatistas ucranianas reconhecidas por Moscou como independentes e potencialmente em outras partes da Ucrânia.

Biden, anunciou o que chamou de "primeira rodada" de sanções, que impedirá a Rússia de levantar fundos ocidentais para pagar a dívida soberana (o que poderia influenciar o valor do rublo e aumentar o custo dos produtos importados), de olho em atingir as instituições financeiras e as elites russas.

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No entanto, o presidente americano deixou aberto o canal diplomático para evitar uma invasão russa em grande escala "que causará um enorme sofrimento a milhões de pessoas".

"Evitar que o conflito chegue mais longe" também é o objetivo do secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, em visita a Washington nesta terça-feira, reuniu-se com altos funcionários do governo americano, incluindo Biden, que lhe garantiu que os EUA continuarão a fornecer armas "defensivas" aos aliados ucranianos.

A Ucrânia, cercada ao norte, sul e leste por 150.000 soldados russos, quer principalmente fortalecer sua defesa antiaérea.

As medidas de Biden seguem uma onda de sanções anunciadas pelo Reino Unido e a União Europeia, após Putin declarar a independência das regiões pró-Rússia de Donetsk e Lugansk na segunda-feira.

O governo alemão anunciou que suspenderia a autorização do polêmico gasoduto Nord Stream 2 que une a Rússia à Alemanha, sem passar pelo território ucraniano.

O Canadá impôs sanções econômicas contra a Rússia, anunciou o primeiro-ministro Justin Trudeau.

O Japão anunciou que irá impor sanções contra a Rússia e pessoas ligadas às regiões do leste da Ucrânia controladas por separatistas pró-russos.

As sanções de Tóquio incluem a proibição de emitir vistos para pessoas vinculadas às "chamadas duas repúblicas", assim como o congelamento de seus bens. Também irá impedir o comércio com as regiões e a comercialização de títulos do governo russo no Japão.

O governo americano deu sinais de que não acredita que a Rússia esteja buscando evitar um conflito: o secretário de Estado, Antony Blinken, anunciou o cancelamento de uma reunião com seu homólogo russo Serguei Lavro, prevista para quinta-feira.

"A Rússia pagará um preço ainda mais alto se continuar com sua agressão", declarou Biden.

O mundo teme uma invasão total da Ucrânia, com o risco de uma guerra catastrófica na Europa.

Os incidentes na linha de frente com os separatistas se multiplicaram nas últimas semanas. De acordo com o governo ucraniano, um soldado foi morto nesta terça-feira e seis ficaram feridos em bombardeios pró-Rússia.

Putin afirmou nesta terça que os acordos de paz de Minsk sobre o conflito na Ucrânia deixaram de existir e deu um passo adiante, estabelecendo relações diplomáticas com os dois enclaves separatistas.

Porém, ele pareceu deixar uma porta entreaberta ao alertar que o envio de tropas russas "vai depender da situação no terreno".

E desafiou a postura do Ocidente - que nega a Moscou o direito de opinar sobre quem pode ingressar na Otan - observando que "a melhor solução seria que as autoridades atualmente no poder em Kiev se recusassem a entrar na Otan e permanecessem neutras".

Em uma mensagem televisionada de 65 minutos, incluindo momentos de irritação, Putin classificou a Ucrânia como um Estado falido, um "fantoche" do Ocidente, que estaria preparando uma "guerra relâmpago" para reconquistar as regiões separatistas.

Os incidentes no front com os separatistas se multiplicaram nas últimas semanas. Segundo o governo ucraniano, um soldado morreu nesta terça e seis ficaram feridos em bombardeios pró-russos.

Os temores de uma invasão aumentaram quando o Ministério das Relações Exteriores russo anunciou a evacuação de todos os seus funcionários diplomáticos na Ucrânia, para "proteger suas vidas".

O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, disse que a aliança tem "todas as indicações" de que Moscou "segue planejando um ataque em larga escala à Ucrânia".

Nas ruas de Kiev, a notícia do reconhecimento dos separatistas gera medo de uma escalada bélica.

"Estou realmente assustado, tenho muita família" no leste da Ucrânia, disse à AFP Artem Ivaschenko, de 22 anos, natural de Donetsk.

O ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksiy Reznikov, alertou que o país tem momentos complicados pela frente e acusou a Rússia de querer "ressuscitar a URSS", país do qual a Ucrânia fez parte até seu desmembramento em 1991.

Em Shchastia, uma pequena cidade localizada no leste da Ucrânia, próxima às áreas separatistas, os moradores limpavam os escombros gerados pela queda de um obus.

Valentina Shmatkova, de 59 anos, contou que estava dormindo quando os projéteis caíram, quebrando os vidros de seu apartamento.

"Não estávamos esperando. Não pensávamos que Ucrânia e Rússia não chegariam a um acordo no final", lamentou. "Acreditava que nosso presidente e o presidente russo eram inteligentes e prudentes", acrescentou.

O anúncio de Putin reacendeu o conflito nesta região separatista do leste da Ucrânia, onde já morreram 14.000 pessoas desde 2014 e onde há violações à trégua imposta pelos acordos de Minsk em 2015.

A tensão atingiu também os mercados de ações. Os preços do trigo e do petróleo dispararam e as bolsas asiáticas fecharam em baixa, embora as europeias tenham se mantido estáveis ao longo do dia.

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