Intensa atividade diplomática falha em reduzir tensão entre Rússia e Ucrânia

Países do Ocidente têm se reunido e conversado com o presidente russo Vladimir Putin, mas risco de ataque ao território ucraniano segue alto.

Os esforços diplomáticos entre países ocidentais, como França, Alemanha e EUA, junto à Rússia sobre a crise na Ucrânia não funcionaram. Nesse sábado, 12, o Kremlin denunciou a "histeria" de Washington, enquanto o presidente americano, Joe Biden, ameaçou seu homólogo russo, Vladimir Putin, com "consequências severas e rápidas", se atacar o país vizinho.

Washington insistiu na sexta-feira, 11, no risco de uma invasão "iminente" da Ucrânia pela Rússia, que concentrou mais de 100.000 soldados perto da fronteira e acaba de iniciar manobras militares no Mar Negro e Belarus, encurralando o país. Tal agressão teria consequências "rápidas e severas" para a Rússia, alertou Biden no sábado em um telefonema com Putin.

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"A histeria atingiu um pico", disse o conselheiro diplomático de Vladimir Putin, Yuri Ushakov, acrescentando que os dois presidentes concordaram em "continuar os contatos em todos os níveis".

Por sua vez, o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, alertou após seu encontro com seu homólogo russo, Sergei Lavrov, que Moscou busca uma "provocação" como pretexto para iniciar a guerra.

"Ninguém deve se surpreender se a Rússia desencadear uma provocação ou um incidente que utilizarão para justificar uma ação militar que planejaram o tempo todo", alertou Blinken.

Em uma reunião com o presidente francês, Emmanuel Macron, Putin criticou "entregas em larga escala de armamento moderno" a Kiev, dizendo que estavam criando "condições para possíveis ações agressivas das forças ucranianas" no leste do país, onde o Kremlin apoia separatistas pró-Rússia há oito anos.

A lista de países que pedem a saída de seus cidadãos da Ucrânia continua crescendo, incluindo Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, Holanda, Canadá, Noruega, Austrália, Japão e Israel.

A companhia aérea holandesa KLM suspendeu seus voos para a Ucrânia por tempo ilimitado. Moscou também retirou alguns de seus funcionários diplomáticos do país, dizendo temer "provocações". Washington ordenou a saída da maior parte do pessoal da embaixada em Kiev. A ofensiva russa pode "começar a qualquer momento e sem aviso prévio", justificaram.

O Canadá e a Austrália transferiram temporariamente sua embaixada para Lviv, no oeste da Ucrânia. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, voltou a definir os comentários dos EUA como muito alarmistas. "Todas essas informações causam pânico e não nos ajudam", disse.

Milhares de manifestantes protestaram em Kiev, dizendo que se recusavam a entrar em pânico, embora temessem o risco de uma invasão. Em outro sinal de escalada, a Rússia lançou neste sábado novas manobras navais no Mar Negro para a "defesa" da Crimeia, península anexada em 2014.

O Ministério russo da Defesa destacou que sua Marinha tinha expulsado um submarino americano de suas águas no oceano Pacífico. "Não há verdade na versão russa de nossas operações em suas águas territoriais", retrucaram as forças armadas americanas.

O Ocidente descartou a possibilidade de envolver seus militares na guerra, mas planejou uma retaliação econômica devastadora. A Casa Branca delineou o cenário para a ofensiva russa com "ataques aéreos e mísseis" e um possível ataque à capital, Kiev.

Alemanha aumenta pressão sobre Rússia

O chanceler alemão Olaf Scholz chega à Ucrânia nesta segunda-feira
O chanceler alemão Olaf Scholz chega à Ucrânia nesta segunda-feira (Foto: JOHN MACDOUGALL / AFP)

A Rússia tem a "responsabilidade" pelo risco de uma guerra na Ucrânia — declarou o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, neste domingo, 13, em um momento de crescente temor, por parte de europeus e americanos, de uma invasão russa ao país vizinho. O premiê germânico, Olaf Scholz, viaja para Kiev nesta segunda-feira e para Moscou na terça-feira.

"Há um perigo de um conflito militar, uma guerra no leste da Europa, e a Rússia tem responsabilidade por isso", disse Steinmeier, após ser reeleito para mais cinco anos no cargo.

Social-democrata próximo ao chanceler Olaf Scholz, o presidente alemão tentou dissipar as dúvidas sobre a posição de seu país. Nas últimas semanas, a Alemanha foi criticada pela Ucrânia e por vários de seus parceiros ocidentais por ser muito complacente com Moscou.

Diante dos parlamentares nacionais e regionais, este ex-ministro alemão das Relações Exteriores mencionou um "afastamento" crescente da Rússia em relação à Europa e pediu firmeza frente a Moscou.

"Como vemos, a paz não pode ser dada como certa. Sempre se tem que agir para preservá-la, no diálogo. Mas, quando for necessário, é preciso dizer as coisas claramente, mostrando dissuasão e determinação", frisou.

Frank Walter Steinmeier obteve sua reeleição com uma esmagadora maioria dada por um eleitorado especial, composto, sobretudo, de deputados nacionais e regionais. Ele conseguiu 1.045 votos dos 1.045 depositados, apoiado por todos os grandes partidos de centro esquerda e centro direita.

O apoio dos Verdes foi anunciado na terça-feira passada e ele já contava com a aprovação de seu partido, o SPD, e dos liberais do FDP. Junto com os Verdes, eles formam a atual maioria que sucedeu aos conservadores de Angela Merkel no poder.

Eleito pela primeira vez em 2017, o presidente alemão pode cumprir no máximo dois mandatos de cinco anos. O cargo de presidente na Alemanha é, sobretudo, honorário, com o poder se concentrando nas mãos do chefe do governo e do Parlamento. Ainda assim, tem valor de autoridade moral do país.

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