Chile decreta estado de exceção em regiões com crise migratória; caminhoneiros suspendem bloqueios

Caminhoneiros suspenderam neste sábado (12) os bloqueios rodoviários motivados pela morte de um colega depois que o governo decretou estado de exceção no norte do país, epicentro de uma crise migratória.

O ministro do Interior, Rodrigo Delgado, anunciou a medida após se reunir por mais de cinco horas com o poderoso sindicato dos caminhoneiros, que desde a quinta-feira bloqueava vias vitais do país.

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Delgado também viajou para a cidade mineira de Antofagasta, a 1.400 km ao norte de Santiago, onde na quinta-feira morreu um caminhoneiro de 25 anos após um confronto com migrantes venezuelanos.

O estado de exceção nas regiões de cordilheira do norte do Chile, Arica, Parinacota e Tamarugal e El Loa, permitirá recorrer ao apoio das Forças Armadas para "colaborar da melhor forma com as polícias", informou o ministro.

Delgado acrescentou que o estado de exceção começará na segunda-feira, 14 de fevereiro, e permitirá "um reforço importante em meios aéreos e terrestres, sobretudo para supervisionar e vigiar as rodovias que mais interessam aos sindicatos", disse.

Após este anúncio, o influente sindicato dos caminhoneiros suspendeu os bloqueios, realizados para reivindicar mais segurança.

Os protestos provocaram congestionamentos principalmente em rodovias do norte e na região central do país, embora também tenham sido registrados engarrafamentos em estradas nos arredores de Santiago que levam a balneários banhados pelo Pacífico em pleno verão no hemisfério sul.

Em cidades do norte do país, como Arica e Iquique, a mais de 1.600 km da capital, repetiu-se a mesma cena. Nesta última foram suspensos todos os voos tanto de saída quanto de chegada.

Por esta região do altiplano, desde 2020 epicentro de uma crise migratória sem precedentes no Chile, entram diariamente de forma clandestina milhares de pessoas, a maioria de nacionalidade venezuelana.

O número de entradas é inferior às registradas em Colômbia e Peru com o êxodo da Venezuela, que já conta com uma diáspora de seis milhões de cidadãos no mundo.

Os caminhoneiros se mobilizaram desde a quinta-feira, realizando barricadas e bloqueios de rodovias para pedir segurança, após a morte de um colega na região de Antofagasta (norte), onde houve um confronto com três pessoas, entre elas um menor de 16 anos, que a polícia identificou como venezuelanos.

"Entendemos a situação em que eles (caminhoneiros) estão. Trabalhamos dia a dia para poder apreender mais drogas, armas e evitar a violência", disse Delgado, único rosto visível do governo de Sebastián Piñera, criticado por não ter controlado a situação migratória.

A tensão com este novo incidente reacendeu a convocação de manifestações realizadas nas três últimas semanas, sobretudo em Iquique e Arica, com grupos que expressam sua xenofobia particularmente contra migrantes venezuelanos, comunidade mais numerosa no país.

Desde o começo de 2021, nas cidades e estradas do norte do país veem-se milhares de famílias de migrantes à deriva, pernoitando em espaços públicos, pedindo esmola ou esperando ajuda de amigos e familiares em outras cidades do Chile para ir a outro destino.

Ao menos 20 migrantes morreram nas passagens clandestinas a mais de 4.000 metros de altitude e com temperaturas abaixo de zero quando fazem a travessia, durante a noite.

Neste contexto, foi anunciada neste sábado a iminente entrada em vigor do regulamento de uma nova Lei de Migração que, segundo o governo, "dá ferramentas que não existiam" para expulsar estrangeiros com documentação adulterada ou que escapem do controle migratório.

Esta lei supostamente vai agilizar também a concessão de vistos.

pb7gm/mvv

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