Vaticano deu instruções para evitar escândalo de pedofilia sob papado de Francisco

Jornal italiano Domani publicou matéria em que afirma que um alto funcionário da Igreja, próximo ao papa argentino, enviou cartas, inclusive uma em 2015, solicitando que fosse evitado um escândalo público no caso do padre francês Bernard Preynat

O Vaticano continuou dando instruções para evitar os escândalos sobre a pedofilia de padres, mesmo sob o pontificado de Francisco, segundo uma investigação publicada nesta sexta-feira (11) pelo jornal italiano Domani.

Segundo a publicação, um alto funcionário da Igreja, próximo ao papa argentino, enviou cartas, inclusive uma em 2015, solicitando que fosse evitado um escândalo público no caso do padre francês Bernard Preynat, acusado de abusar de menores e condenado em 2020 por abuso sexual.

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Se tratam de cartas enviadas pelo atual secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, o cardeal espanhol Luis Ladaria, jesuíta como o Papa.

A denúncia de Domani, assinada pelo jornalista especializado em investigações Emiliano Fittipaldi, aponta o dedo para "o sistema de silêncio" que ainda reina no Vaticano, apesar da política de maior transparência do Papa Francisco.

"Esta congregação - depois de ter estudado o caso do padre de sua diocese que nos foi enviado, Bernard Preynat - decidiu confiar a você a tarefa de tomar as medidas disciplinares apropriadas, evitando um escândalo público", diz a carta enviada à Igreja francesa e divulgada por Domani.

O religioso espanhol havia dado a mesma instrução em 2012, sob o pontificado de Bento XVI, sobre o caso de um padre italiano acusado de abusar de menores, embora também tenha pedido para garantir que não tenha contato com crianças.

Uma avalanche de revelações sobre os abusos sexuais cometidos há décadas por religiosos contra menores manchou o pontificado de Francisco, que começou em 2013, apesar de sua disposição de puni-los severamente.

Desde a eclosão dos primeiros escândalos, há mais de 35 anos, a hierarquia da Igreja Católica tomou uma série de medidas preventivas, adotou leis, pediu desculpas e condenou, mas sem fazer desaparecer o fenômeno, nem a chamada "cultura do encobrimento", ou seja, a mentalidade de manter tudo em segredo.

Em junho de 2021, o Papa anunciou a reforma do Código de Direito Canônico e introduziu um artigo que contempla a pedofilia e, especificamente, os crimes de abuso contra menores cometidos por padres.

Dessa forma, o crime contra menores ficou tipificado na nova versão do Código, em vigor desde dezembro de 2021. As penas foram endurecidas, os prazos de prescrição estendidos e as vítimas são indenizadas.

 


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