Biden pede a americanos que deixem Ucrânia após início de manobras militares russas

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu ontem aos cidadãos americanos que deixem a Ucrânia imediatamente, enquanto seu secretário de Estado, Antony Blinken, alertou, nesta sexta-feira (11) que a Rússia continua enviando tropas para a fronteira e que a invasão pode começar "a qualquer momento".

"Os cidadãos americanos deveriam ir embora, deveriam ir embora já. As coisas podem se acelerar rapidamente. Estamos falando de um dos maiores Exércitos do mundo", declarou Biden em entrevista à emissora NBC News, alertando sobre o poderio do Exército russo, que tem mais de 100.000 soldados deslocados para a fronteira com a Ucrânia.

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Ele voltou a descartar, porém, o envio de soldados à Ucrânia, inclusive para ajudar na retirada de cidadãos americanos em caso de invasão.

Isso seria "uma guerra mundial. Quando os americanos e os russos começam a atirar uns nos outros, entramos num mundo muito diferente", afirmou Biden.

O Canadá lançou um apelo no mesmo sentido.

"Se você estiver na Ucrânia, deve ir embora", declarou o Ministério canadense das Relações Exteriores em sua página na Internet.

"A ação militar russa na Ucrânia pode perturbar os deslocamentos", afirmou o ministério, que concluiu: "estejam preparados para se refugiar".

Embora o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tenha voltado, ontem, a acusar Moscou de exercer "pressão psicológica", ele minimizou, nesta sexta, o apelo de Biden para que os americanos deixem o país.

"Não há nada de novo nesta declaração", reforçou, também nesta sexta, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba.

A entrevista do presidente americano foi ao ar após o início de importantes manobras conjuntas entre os exércitos russo e bielorrusso às portas da Ucrânia, diminuindo as esperanças de uma desescalada após semanas de intensos esforços diplomáticos na Europa.

Concentrados principalmente na região bielorrussa de Brest, fronteiriça com a Ucrânia, estes exercícios envolvem o envio de mísseis e de armamento pesado e, segundo os Estados Unidos, de 30.000 soldados russos adicionais.

Para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), o envio destes armamentos para este país situado ao norte da Ucrânia é "um momento perigoso para a segurança da Europa".

Nesta sexta, de Melbourne, na Austrália, o secretário Antony Blinken deu a entender que a invasão da Ucrânia pode ser iminente e que poderia começar mesmo durante os Jogos Olímpicos de Inverno, que acontecem na China.

"A invasão pode acontecer a qualquer momento e, sejamos claros, pode ocorrer inclusive durante os Jogos Olímpicos", afirmou, referindo-se a hipóteses lançadas sobre o desejo da Rússia de esperar que esse importante evento esportivo termine para não ofuscar seu aliado, a China.

A embaixadora americana na ONU, Linda Thomas-Greenfield, pediu à China que "estimule os russos" a tomarem as decisões adequadas na crise atual, afirmando que a Rússia "ameaça a integridade de uma fronteira", a ucraniana.

"Seria extremamente importante que a China transmitisse essa mensagem", acrescentou.

"Estimulo meu homólogo chinês em Nova York a transmiti-la", insistiu.

A reação do embaixador da China na ONU, Zhang Jun, foi imediata e chegou pelo Twitter.

"Parem de atiçar a tensão", criticou.

Nas últimas semanas, os líderes europeus estiveram envolvidos em um frenesi diplomático para tentar desativar a crise, incluindo visitas a Moscou do presidente da França, Emmanuel Macron, e, em breve, do chanceler alemão, Olaf Scholz.

E, na tentativa evitar, de "incidentes infelizes", o chefe do Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos, general Mark Milley, teve uma incomum conversa por telefone com o colega bielorrusso, general Victor Goulevitch.

Nesta sexta, porém, o Kremlin lamentou que a reunião de ontem com Alemanha, França e Ucrânia não tenha levado a "resultado algum".

"Todos fomos testemunhas de que a reunião dos conselheiros políticos sob o formato 'Normandia' não levou, ontem, a resultado algum", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, nesta sexta.

Segundo o porta-voz, os representantes foram "incapazes" de fazer a "mesma leitura do mesmo texto", em uma referência aos acordos de paz de Minsk firmados em 2015 e que buscam pôr fim ao conflito na Ucrânia. Conforme a ONU, já são mais de 13.000 mortos em oito anos de combates.

A Rússia é acusada de estar disposta a executar uma nova operação militar contra a Ucrânia, após a anexação da Crimeia em 2014. O Kremlin nega qualquer intenção bélica e afirma que deseja garantir sua segurança diante do que considera um comportamento hostil de Kiev e da Otan.

Moscou exige o fim da política de ampliação da OTAN, o compromisso de não instalar armas ofensivas perto das fronteiras russas e o recuo da infraestrutura militar da Aliança às fronteiras de 1997, ou seja, antes de a organização receber os ex-membros do bloco soviético.

Os países ocidentais consideram estas condições inaceitáveis e ameaçam Moscou com duras sanções econômicas, em caso de ofensiva na Ucrânia. Entre elas, estão possíveis consequências negativas para o gasoduto Nord Stream 2, entre Rússia e Alemanha.

Apesar das tensões, ambas as partes advogam por manter a via diplomática aberta, que parecia estar caminhando até o início das manobras militares em Belarus.

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