Crise da Ucrânia: em tensão com Rússia, EUA reforçam tropas no leste europeu

Enquanto norte-americanos reforçam capacidade bélica, líderes franceses tentam aproximação diplomática para solucionar tensão com Vladimir Putin, presidente russo

Os Estados Unidos anunciaram nesta quarta-feira, 2, o envio de tropa extra de 3 mil soldados ao leste europeu, para defender os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OtanAliança político-militar criada no dia 4 de abril de 1949, durante a Guerra Fria, que reunia países ocidentais e capitalistas, liderados pelos Estados Unidos. Aproximação da Ucrânia ao grupo desencadeou tensão local ) "contra qualquer agressão". Paralelamente, os líderes da França e Alemanha apostam em solução diplomática, com programação de visita à Rússia para discutir a crise na Ucrânia.

O Pentágono confirmou que vai transferir mil soldados da Alemanha para a Romênia, enquanto outros 2 mil vão viajar dos Estados Unidos ao leste europeu, principalmente para a Polônia. As tropas se somam aos 8.500 militares em prontidão desde o fim de janeiro por Washington para ser mobilizados como parte da Força de Resposta Rápida da Otan caso seja necessário.

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"Enquanto o presidente russo, Vladimir Putin, agir agressivamente, iremos garantir aos nossos aliados da Otan no leste europeu que estamos ali", ressaltou o presidente americano, Joe Biden, após o anúncio do envio de soldados.

Em resposta, o vice-chanceler russo, Alexander Grushko, considerou que a medida dificultaria um compromisso entre os dois lados, pois são "medidas destrutivas que aumentam a tensão militar e reduzem a possibilidade de uma decisão política", segundo a agência de notícias russa Interfax.

As potências ocidentais estão mergulhadas em esforços diplomáticos, bem como na ameaça de sanções contra o círculo íntimo de Putin, para impedir o que temem ser uma potencial invasão da antiga república soviética, apesar de o Kremlin negá-lo.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, anunciou nesta quarta-feira que visitará Moscou "em breve" para conversar com Putin, enquanto o presidente francês, Emmanuel Macron, deixou a porta aberta para uma viagem à Rússia em busca de uma solução diplomática para a crise.

Discurso ainda não é de guerra 

"Estas forças não irão combater na Ucrânia", que não é membro da Otan, disse o porta-voz do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, John Kirby, destacando que se trata de uma nova mobilização temporária.

A Rússia é acusada pelos ocidentais de planejar uma invasão da Ucrânia, sua vizinha pró-Ocidente, em cujas fronteiras concentrou cerca de 100.000 militares há semanas.

Para "dissuadir" Putin de passar à ofensiva, os americanos e os europeus ameaçam Moscou com sanções econômicas "sem precedentes" e apoio militar a Kiev.

A Rússia nega planejar uma invasão e afirma que só quer garantir sua segurança. Mas acredita que uma desescalada desta crise só é possível se for posto um fim à política de ampliação da Otan e com a retirada de suas capacidades militares do leste europeu.

O Kremlin reivindicou nesta quarta-feira o apoio da China às suas exigências sobre a questão da segurança frente ao Ocidente, antes de um encontro entre Putin e Xi Jinping. O presidente russo se reunirá com seu contraparte chinês por ocasião da abertura, na sexta-feira, dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim.

"Preparou-se uma declaração comum sobre a entrada das relações internacionais em uma nova era", disse Yuri Ushakov, conselheiro diplomático do presidente russo. Ele assegurou que a China apoia as reivindicações da Rússia "na questão da segurança"; uma lista de exigências dirigida aos Estados Unidos e à Otan para aliviar as tensões sobre a Ucrânia e que os ocidentais têm refutado. Ao fim de janeiro, o governo chinês tinha pedido que estas demandas fossem levadas a sério.

Boris Johnson e Vladimir Putin 

Em um telefonema com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, na quarta-feira, Putin disse ter observado "a falta de vontade da Otan em responder adequadamente às preocupações bem fundamentadas da Rússia", disse o Kremlin em comunicado. Todavia, um porta-voz de Downing Street relatou que ambos concordaram com a necessidade de encontrar uma "solução pacífica".

O jornal espanhol "El País" publicou detalhes das respostas americanas às demandas russas, que não foram desmentidas. Nelas, os Estados Unidos propõem que os rivais prometam não mobilizar meios militares ofensivos na Ucrânia, que a Rússia inspecione certas infraestruturas militares que a preocupam na Europa e que os dois países acordem medidas de controle de armas.

Os Estados Unidos também dizem estar dispostos a discutir a "indivisibilidade da segurança". O Kremlin se baseia neste contexto para exigir a retirada da Otan de sua vizinhança, argumentando que a segurança de uns não pode ser obtida às custas da de outros, apesar do direito de cada Estado - e, portanto, da Ucrânia - de escolher suas alianças.

Moscou prepara atualmente sua resposta formal. Enquanto isso, Polônia e Romênia disseram que apreciaram o movimento dos EUA.

Em uma mudança de tom, a Casa Branca indicou hoje que não qualificaria mais uma possível invasão da Ucrânia pela Rússia como "iminente". A porta-voz do governo americano, Jen Psaki, disse que Washington "parou de usar (esse termo) porque o mesmo enviou uma mensagem diferente da que gostaríamos de enviar".

A posição de Washington, explicou Jen, é de que o presidente russo posicionou seus militares de forma que "eles possam realizar uma invasão a qualquer momento".

A Otan saudou o novo envio de tropas americanas e "fará o que for necessário para proteger e defender todos os aliados", destacou seu secretário-geral, Jens Stoltenberg.

O Exército ucraniano, após anos de relativa escassez, vem recebendo armas ocidentais nas últimas semanas, o que foi denunciado por Moscou. Em resposta ao Kremlin, a Ucrânia deixou claro que não cederá nenhum território, "custe o que custar".

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