Etíope Tedros Adhanom tem caminho livre para ser reeleito na OMS

Todos os sinais estão verdes para a reeleição em maio próximo do etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus à frente da Organização Mundial da Saúde (OMS), único candidato ao cargo, após uma votação processual nesta terça-feira (25), em Genebra.

"Me faltam palavras. Muito grato pelo apoio renovado", declarou o diretor-geral da OMS após a aprovação obtida pelo Conselho Executivo deste órgão da ONU, em votação secreta. A reunião aconteceu a portas fechadas.

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Tedros lançou hoje sua candidatura a sua própria sucessão, com o desafio de reforçar uma instituição, cujas deficiências foram expostas em meio à pandemia de covid-19.

Agora, seu nome será submetido à sessão plenária da OMS, em maio. Sua reeleição é dada como certa.

O dr. Tedros Adhanom, que sucedeu a Margaret Chan em 2017, é altamente considerado, em especial pelos africanos, que o percebem como um "amigo".

O principal obstáculo para sua reeleição seria, paradoxalmente, seu próprio país.

O governo etíope reagiu com raiva às suas declarações sobre a situação humanitária em Tigré (norte), uma região devastada pela guerra. O governo da Etiópia solicitou a abertura de uma investigação contra Tedros por "prevaricação".

"É verdade que ele se expressou fortemente, mas o que ele disse é consistente com os fatos que todos os diretores das agências humanitárias verificaram", disse uma fonte diplomática ocidental à AFP, rebatendo as acusações.

"O governo etíope tentou, desde o início, impedir que o dr. Tedros fosse renomeado como diretor-geral da OMS. Começaram tentando bloquear um acordo na União Africana (UA), recusando-se a deixar o continente apresentar sua candidatura", acrescentou a mesma fonte.

A candidatura conta com o apoio de 28 Estados-membros da OMS, incluindo vários países da União Europeia (UE) e alguns países africanos, como Quênia e Ruanda.

Este especialista em malária, de 56 anos, também é graduado em imunologia, doutor em saúde comunitária e ex-ministro da Saúde e das Relações Exteriores da Etiópia.

Primeiro africano a chefiar a OMS, Tedros, como gosta de ser chamado, está na linha de frente desde o início da pandemia.

A chegada do democrata Joe Biden à Casa Branca, que reintegrou totalmente os Estados Unidos à OMS, deu-lhe fôlego, após repetidos ataques do republicano Donald Trump, presidente entre 2017-2021.

Trump cortou as contribuições para a organização e decidiu retirar os Estados Unidos da OMS, acusando-a de estar muito próximo da China e de administrar mal a pandemia.

Seu tom mais crítico em relação à China, país que considera pouco transparente quanto à origem da pandemia, valeu-lhe alguns dardos lançados por Pequim, que, no entanto, apoia sua reeleição.

Várias dezenas de Estados da OMS, incluindo aqueles que o apoiam, criticaram-no por lidar mal com o escândalo de violência sexual na República Democrática do Congo (RDC) durante a luta contra a epidemia de Ebola entre 2018 e 2020.

A pandemia também mostrou que nem sempre suas recomendações são cumpridas, como quando pediu aos países mais ricos que fizessem mais para reduzir a desigualdade no combate à covid-19.

Se alcançar um segundo mandato no comando da OMS, Tedros terá o desafio de fortalecer essa agência da ONU.

Muitas capitais pedem o fortalecimento da infraestrutura global de saúde, a fim de coordenar melhor a resposta às crises e prevenir futuros surtos do coronavírus.

A estrutura para tal reforma ainda não foi definida pelos países-membros. Preocupados com sua soberania, alguns deles relutam em dar mais poder à OMS.

Tedros também pede uma reforma radical do modelo de financiamento da organização que preside.

apo/vog/age/zm/mr/tt

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